Categoria: Amor

O Espírito e o sentimento

“Eu já li o livro “Bom dia Espírito Santo”, mas confesso somente absorvi o fato de aprender a tratá-Lo como pessoa, o que eu não fazia. O livro não teve influência no meu comportamento em sensações, pois tenho orado e pedido a Deus entendido para obedecer a Sua palavra e fazer a Sua vontade. Mas o que gerou dúvida aqui foi: como a irmã fala sobre experiência sobrenatural que não pode ser, mas nós sentimos a presença Dele, meu Deus tudo que senti é carne, falei em línguas ( e sabia o que falava), senti uma alegria que parecia não ter fim, estou tão confusa, porque eu sinto a presença do Espírito Santo em todo o tempo, converso com Ele 24 horas, sinto Ele como meu Fiel e verdadeiro amigo. “[…] vou derramar meu Espírito sobre todo tipo de gente – Seus filhos vão profetizar e também suas filhas. Seus jovens terão visões e seus velhos terão sonhos. Vou derramar meu Espírito até sobre os escravos, tanto homens quanto mulheres” (Jl 2.28-29). Mas pareceu tudo irreal ao ler a resenha. Como se as sensações que tive foram mentiras. E eu sinto Ele comigo, pois é quem me direciona em toda minha vida.”

Rosângela

Rosângela, se você está buscando em Deus entendimento para obedecer à Palavra dEle, então com certeza Ele lhe dará. Vou tentar explicar melhor, espero que esclareça sua dúvida. Sim, falar em línguas é um dom do Espírito Santo e, como humanos, podemos ter emoções relacionadas à experiência sobrenatural. Sentir-se bem na presença de Deus é natural também, afinal de contas, Ele é Deus, não tem como nos sentirmos mal em Sua presença. Isso, porém, não é indicativo de que Deus está conosco ou não.

Se em vez de “porque eu sinto a presença do Espírito Santo em todo o tempo, converso com Ele 24 horas, sinto Ele como meu Fiel e verdadeiro amigo. […] eu sinto Ele comigo, pois é quem me direciona em toda minha vida.” o que você quis dizer foi “porque eu sei que o Espírito Santo está comigo em todo o tempo, converso com Ele 24 horas, tenho Ele como meu Fiel e verdadeiro amigo. […] eu sei que Ele está comigo, pois é quem me direciona em toda minha vida.”, significa que sua certeza independe do que você sente. Se um dia acordar desanimada, com TPM, vendo tudo cinza, ou se algo acontecer e virar sua vida de cabeça para baixo, sua convicção se manterá e você correrá para falar com Deus, sentindo a presença dEle ou não, porque SABE que Ele é com você em TODO o tempo. Mas se você realmente quis dizer o que disse, aí tem toda razão de estar confusa, pois está misturando sentimento e fé.

Podemos não sentir a presença de Deus em algum determinado momento, mas se a Palavra dEle afirma que Ele está conosco, Ele está conosco, mesmo quando não O sentimos. É um problema quando a pessoa fica querendo definir sua vida espiritual pelo que sente ou deixa de sentir. Se sente a presença de Deus, sua fé fica forte diante dos problemas, mas se por alguma razão não sente a presença de Deus, então se inunda de dúvidas e se enfraquece. A fé bíblica não é assim, ela não é definida por sentimentos e sensações. Ela não pode depender de sentir ou deixar de sentir. E é justamente por isso que o Espírito Santo não pode ser medido pelo que sentimos ou que não sentimos. O que nos mostra que alguém foi batizado é a presença da totalidade do Fruto do Espírito (e a ausência dos frutos da carne):

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Gálatas 5.19-22

A alegria (gozo) que faz parte do fruto do Espírito não é um sentimento, é um estado constante. Durante a busca, podemos, sim, sentir uma alegria extrema, podemos até chorar de emoção. Como eu disse, somos humanos. Mas a Alegria que define a presença do Espírito é muito mais profunda do que uma simples emoção. A palavra usada para descrevê-la significa algo como “prazer calmo”, é um preenchimento profundo que nos acalma e dá prazer permanente.

O amor do fruto do Espírito também não é um sentimento. É uma disposição de espírito que nos leva a dar aos outros aquilo que desejaríamos receber (o amor de 1 Coríntios 13, por exemplo, não é um sentimento, pois é contrário à inclinação egoísta do coração humano). A longanimidade do fruto do Espírito é uma força espiritual paciente, que nos permite suportar o que nosso impulso emocional jamais permitiria, mesmo com toda a paciência do mundo. A benignidade do fruto do Espírito é a integridade de caráter e a bondade é aquela expressa no cuidado com os outros.

A paz do fruto do Espírito é o descanso profundo da alma, que independe do que acontece do lado de fora. Está ligada à confiança na Palavra de Deus e é o contrário de ansiedade e desespero. A mansidão do fruto do Espírito é um caráter humilde, ou seja, o contrário do orgulhoso e inflexível. O manso sabe ouvir, obedece a Deus e reconhece seus erros.

A fé é a convicção daquilo que não se vê. É a certeza. O contrário da dúvida. Ela também independe do que se sente ou do que se vê, porque é definida pela convicção do que não se vê. A pessoa pode estar sentindo e vendo o contrário, mas nada disso muda o que ela crê. E a temperança é o autocontrole, o domínio de si mesmo, a capacidade sobrenatural de controlar suas ações, reações e temperamento.

Como vê, absolutamente NADA do Fruto do Espírito tem relação com sentimento ou emoção. É tudo do Espírito, afinal, e não do coração. Esse é o critério que a Bíblia nos dá para avaliar a presença do Espírito Santo em nós. Se temos todos esses traços de caráter, temos o Espírito Santo. Se não temos essas características, não O temos em nós.

Aliás, foi justamente isso que me levou a enxergar que não tinha o Espírito Santo — e passar a buscá-Lo pelos motivos certos. Já tinha sentido a presença de Deus, já tinha sentido isso e aquilo, mas era uma pessoa que não tinha domínio próprio, nem alegria, nem paz, muito menos mansidão e longanimidade, e a fé tinha altos e baixos, pois estava ligada ao que eu via e sentia.

Um dia essa Palavra veio do Altar e me acertou em cheio, como uma panela atirada na minha cabeça. Na mesma hora, vi que tudo aquilo que achava que tinha sido experiência com o Espírito Santo não tinha valor. Não importava se eu tinha sentido isso ou aquilo; enquanto não tivesse o caráter dEle em mim, eu não O tinha. De que adiantava sentir ou deixar de sentir? Eu só seria dEle quando O tivesse. E por isso eu abriria mão de minha própria vida — e foi exatamente o que fiz. Ainda demorou algum tempo até que eu recebesse o Espírito Santo, mas quando O recebi, entendi que aquilo que Ele trazia era muito superior a qualquer sensação que eu tinha tido no passado. Sério, mesmo, não tem comparação.

Sem o que tenho hoje, não teria resistido a metade da metade do que já passei. Ele vive em mim. Seus pensamentos, Sua forma de ver o mundo, Sua maneira de reagir e de agir são muito mais fortes em mim do que aquilo que me era natural. E eu posso estar passando por dificuldades, posso estar triste, posso estar feliz, posso estar brava com alguém, posso estar casada, posso estar solteira, posso estar doente, posso estar saudável, posso ter recebido uma péssima notícia, posso estar com um problema aparentemente sem solução — não importa. Pode passar o pensamento que for na minha cabeça. Não importa. Eu SEI que Ele é comigo. E essa é a alegria que ninguém pode tirar. NINGUÉM. 

“Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.”
João 16.20-22

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Leia também: O deserto em mim

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PS1. Dito isso, reforço o que afirmei na resenha do livro do Benny Hinn: quanto a “cair no poder”, sentir choques elétricos, ver vultos, ouvir vozes e ser possuído por um espírito que fala como Deus, isso, de fato, não é manifestação do Espírito Santo. Talvez a linguagem da resenha seja um pouco incisiva demais e soe um tanto quanto desrespeitosa para quem acha que o cara é de Deus. Talvez se fosse hoje, eu escrevesse de outra forma, não sei. Mas mantenho o conteúdo e espero que agora esteja mais claro o que eu quis dizer.

PS2. Imagino que a Rosângela seja de outra denominação e talvez nem volte para ler a resposta, mas acredito que esse post possa ajudar outras pessoas a separar sentimento de espírito e entender que não é por não depender de sentimento que o Espírito é sem graça ou menos especial. Experimenta só, para você ver.

 

 

#JejumdeDaniel #Dia2 #Dia3

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Estamos em uma jornada de 21 dias de jejum de informações e entretenimento chamado Jejum de Daniel, de 25 de janeiro a 14 de fevereiro. Durante esses dias, os posts no blog serão voltados exclusivamente para o crescimento espiritual. Leia este post para entender melhor.

** Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .

Tempestade em copo d’água no casamento

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Enquanto eu reclamava da faca suja que ele insistia em deixar em cima do micro-ondas, das folhas amassadas de papel-toalha que ficavam no balcão da cozinha, da insistência em entupir o saco de lixo em vez de trocá-lo e da mania de jogar lixo orgânico no cesto de lixo seco, essas coisas continuavam acontecendo repetidamente (acho que o cérebro dos homens tende a apagar da memória experiências chatas ou ruins – como uma mulher reclamando) e eu acabava deixando chateada desnecessariamente a pessoa que eu amo e com quem convivo diariamente. Resultado: eu também terminava chateada. E por bobagem.

Seguindo os conselhos da Escola do Amor para blindar o casamento, comecei a valorizar o que ele fazia em vez de criticar o que não fazia. Elogiava sempre que ele jogava o lixo no lugar certo, deixei de cobrar que ele trocasse o saco de lixo e passei a eu mesma trocar (o que custa?), coloco uma faca limpa apoiada em um pires em cima do micro-ondas (sei lá se faz parte de algum ritual importante para a sobrevivência da espécie…pelo menos a faca agora está sempre limpa rs) e comecei a recolher os papéis espalhados na bancada e a sempre dar reforço positivo quando ele acertava essas coisas ou fazia outras coisas certas (e ele sempre faz, eu é que não via…sem contar as coisas que eu deixava a desejar e que ele relevava – e eu também não valorizava). Fiz isso por bastante tempo até ter retorno.

O resultado? Hoje ele não deixa mais papel sujo na bancada da cozinha, respeita o sagrado recinto do lixo seco e é ele quem coloca o lixo todo na rua! E até me ajuda na faxina (fazendo coisas que exijam mais força ou altura rs). E não, não preciso pedir. E quando ele não faz alguma coisa que eu acho que ele poderia fazer, eu vou lá e faço. Grande coisa, não arranca pedaço. Vou arrumar briga por isso? Aprendi com a Escola do Amor a escolher minhas guerras. É meio idiota criar um problema em casa por uma coisa insignificante que eu mesma posso fazer. Por que eu não incentivaria, não recompensaria e não elogiaria o homem que eu amo quando ele colabora comigo? Isso reforça positivamente o comportamento que quero que ele repita. E ainda faz com que eu tenha uma pessoa motivada, interessada e feliz ao meu lado.

Assim, vivemos em perfeita paz. E, ao contrário do que algumas mulheres pregam por aí, o fato de eu tratar meu marido bem, elogiá-lo e querer agradá-lo não fez com que ele se tornasse preguiçoso, abusivo ou folgado. Em um relacionamento saudável com um homem de caráter, não há esse risco. Ele se tornou ainda mais colaborativo, motivado a me ajudar e a me agradar. Quando alguém elogia meu marido e diz que eu tive “sorte” em encontrar alguém que se importa tanto comigo, eu logo falo do Casamento Blindado. Um casamento feliz não cai do céu. E não é agindo como uma criança mimada que a pessoa vai conseguir manter um bom relacionamento com outra, independentemente de ser marido, esposa, irmão, mãe, pai, amigo…

Se eu quero ser feliz, preciso aprender a fazer a pessoa que eu amo feliz. Usando a cabeça (em vez de me comportar como uma criança mimada que foi contrariada), consegui tudo o que eu queria e ajudei meu marido a conseguir o que ele queria, também, porque hoje ele não tem uma esposa chata que fica brigando com ele o tempo todo. E temos paz. Quer melhor coisa do que uma casa em que as pessoas se amam, demonstram isso e vivem em PAZ? Qual é o preço? Renunciar à vontade de agir como uma criança pirracenta ou como um general para fazer o que realmente dá resultado. O que, convenhamos, não parece ser nada tão terrível de se fazer.

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PS: Escrevi isso por causa desta postagem (clique para ler)  no facebook do professor da Escola do Amor, Renato Cardoso. Não dá para entender pessoas que querem ser felizes, mas agem como se vivessem com um inimigo. O que custa colocar em prática conselhos que realmente funcionam?

PS2: São 12 anos e meio de casados e quando vamos a lugares em que não nos conhecem, sempre acham que somos namorados. Nossa adaptação um ao outro não foi automática. Nem mistura pronta para bolo vem, de fato, pronta. Você precisa acrescentar ovo, manteiga e água (ou leite)…compra um troço caro e cheio de aditivos químicos que, na verdade, só substitui a farinha, fermento e açúcar… Se quiser algo que preste, tem de se esforçar para fazer.