Mês: abril 2010

Mudanças

tig.

Passei alguns anos sem tingir os cabelos. Depois de mais de uma década de tinturas e descolorações frequentes e descontroladas, cortei o cabelo bem curtinho e deixei que crescesse feliz. E ele cresceu feliz. Até o momento em que eu não estava mais feliz. Havia decidido que só voltaria a tingir quando tivesse cabelos brancos. Ou melhor, quando tivesse uma quantidade de cabelos brancos que me obrigasse a tacar tinta na cabeça. Os anos se passaram e os cabelos brancos estavam preguiçosos. O primeiro apareceu aos 26 anos e foi sumariamente arrancado. O segundo ficou com medo e apareceu somente um ano depois. Também foi arrancado (é mais barato do que pintar. Minha intenção era intimidá-los. Ao ver o companheiro ser arrancado, um fio de cabelo branco pensaria duas vezes antes de nascer) e só encontrei outro ano passado, aos 29. Este ano, como cheguei aos 30, já encontrei quatro e para mim já é horror suficiente. Claro que arranquei cada um deles, à medida em que os achei, mas eu tenho muito cabelo, muuuuuito cabelo mesmo e SEI que existe uma horda de cabelos brancos escondida em algum lugar da minha cabeça, só esperando o momento certo para aparecer. Não poderia mais conviver com a expectativa, e resolvi mudar meus conceitos.

Eu já havia cortado o cabelo curto novamente. Apelei para um relaxamento (porque black power não combina comigo, sorry) e o tioglicolato desbotou meu cabelo (yes! Tioglicolato desbotou a cor NATURAL do meu cabelo, muito bizarro isso). Então percebi que era hora de mudar. Aquela cara sem graça não combinava comigo. Estava apagada, discreta demais, simples demais, muito “inha”, sabe? Resolvi fazer umas mechas discretas e saí do salão loira…risos… anota aí: se você passou tioglicolato de amônia recentemente no cabelo, as luzes provavelmente vão abrir mais do que você gostaria.  Mas era para ser assim, eu tinha que ficar loira novamente, para que…bem, não sei exatamente qual era a finalidade, mas creio que havia alguma.

Tirei fotos toscas, com escova, pijama e tendo meus sapatos pendurados na porta ao fundo e meu digníssimo marido me fez prometer que não as colocaria no blog (tudo bem que quando ele disse isso, elas já estavam no Twitter, no Facebook e na Comunidade Universal). No entanto, me liberou para colocar aquelas que não tivessem meus sapatos pendurados como pano de fundo (o que ele tem contra meus sapatos?), por isso existe alguma foto de minha nova aparência abrindo este post. Davison, como minha mãe, sempre repete o mantra: “Vanessa, observe o fundo antes de tirar a foto”. Será que todo mundo realmente repara nisso?

Inevitavelmente, ganhamos novo fôlego ao mudar o visual, isso é coisa de mulher, não tem jeito. Acho que os homens também se revigoram quando mudam algo na aparência que faça com que se sintam mais bonitos. Nossa aparência física não é tudo, nossa beleza não pode ser apenas o exterior, mas que é importante, isso é! Se você está lutando para sair da depressão, por exemplo, uma mudança de visual ajuda muito a recuperar a auto-estima. Em contrapartida, ver raízes brancas (ou pretas) saltando no espelho faz com que, inevitavelmente, você se sinta mal, esculhambada, e comece a agir como tal. Parece imbecil? Mas é assim que nosso cérebro funciona, fazer o quê? Nunca consegui me recuperar de uma fase difícil enquanto via uma bruxinha no espelho. E se você já superou a fase difícil, nada melhor do que marcar a nova vida com um novo visual.

blond

O Retorno

O dia em que descobri este site:  http://icanhascheezburger.com passei horas ensandecida, vendo fotinhos compulsivamente. Se você não lê em inglês, eu sofro muito por sua causa. Pensei em traduzir, mas até agora não fiz isso. Tenho lutado bravamente contra as milhares de coisas que se acumularam enquanto estive naquela dimensão paralela para a qual fui sugada há uns dois anos e de onde retornei – graças a Deus – mas ainda tenho uma coisinha ou outra acumulada de que me lembro de tempos em tempos. Com toda a serenidade do mundo, porém, tenho recolocado as coisinhas em seus devidos lugares e buscado ardentemente aprender uma maneira de melhor administrar meu tempo.

Não aceito dizer que não tenho tempo. É óbvio que tenho tempo! Meu dia tem o mesmo número de horas do dia da Cora Rónai, ou da Paula Polzonoffa, por exemplo, mas elas fazem ao menos quatro vezes mais coisas do que eu consigo fazer nesse mesmo período de tempo. Se isso é possível para elas, tem de ser possível para mim também, ora bolas! Não admito, por exemplo, continuar abandonando meu blog. Não vou abandoná-lo mais. Se a Cris, que tem muito mais coisas para fazer do que eu e muito menos tempo disponível, consegue atualizar o blog quase que diariamente, por que raios eu não consigo mais? Eu já fiz mais coisas do que faço hoje (ou quase) e conseguia manter o blog atualizado! Ok, eu tinha menos coisas acumuladas. Sabe qual é o problema de acumular coisas? É que muitas vezes você fica pensando nelas e tentando definir quais são as prioridades, quais devem ser “desacumuladas” primeiro e quais podem esperar, que acaba perdendo mais tempo pensando a respeito do que realmente resolvendo alguma coisa. E termina por acumular mais tarefas, as que deveria estar fazendo enquanto pensa a respeito das que não fez.

Quanto mais tarefas acumuladas eu tenho, com mais coisas me envolvo, que acabam gerando novas tarefas, que impedem que as acumuladas sejam cumpridas e que acabam se acumulando também. Nem sei como, finalmente, tenho conseguido me livrar desse entulho emocional. É algo que atravanca o caminho, colega, e é necessário ter uma grande dose de paciência, domínio próprio, longanimidade, e todos os outros frutos do Espírito, para resolver.

Antes eu só reclamava. Eram os problemas acumulados, tarefas, afazeres. Hoje, não reclamo mais, não me lamento. Simplesmente faço. Resolvo uma coisa hoje, duas amanhã. Em pouco tempo, terminei aquilo que tanto me incomodava. Ver uma tarefa concluída te dá novo ânimo, renova as forças para concluir novas tarefas. Jamais imaginei que uma atitude tão pequena pudesse mudar tanto a minha vida: parar de reclamar. Ficar se lamuriando só drena suas energias, te enfraquece, te faz ver aquele problema com uma lente de aumento absurda. Você se sente pequenininha e é como se o mundo te engolisse. A vida fica horrível, o mundo fica cinza, tudo começa a ser visto sob a pior ótica possível. Não tem como viver bem desta maneira! Porque quando o problema estiver resolvido, pode anotar: você encontrará outro. Porque o problema não está do lado de fora, mas no padrão de pensamento que você desenvolveu. Você não sabe mais ver nenhum problema de outra forma. Esse é um buraco medonho.

Me forcei a pensar diferente, até que isso se tornasse natural. Ver qualquer problema monstruoso sabendo que aquilo era fake. O problema estava se fazendo de fortão para me intimidar. Eu era maior do que ele. Desenvolver uma visão positiva, uma forma leve de encarar a vida, não é fácil, mas também não é impossível. Exige negar nossa vontade de tecer lamentações sem fim. Ah, era bom ficar reclamando, me sentindo vítima do universo…era muito cômodo. Agora é mais chato, porque eu sei que não sou vítima do universo, se algo me incomoda, tenho que levantar e agir para me livrar daquele problema, tenho de buscar soluções, tenho de pensar, lutar, resolver. Não sei mais viver de outra maneira, graças a Deus. O chatinho agora é só limpar a bagunça que aquela Vanessa desanimada, reclamona e pessimista fez na minha vida.  Mas essa é a parte mais tranquila. O pior – seguramente – já passou. Então acredito que em breve poderei fazer a tradução das legendas das fotinhos mais legais, atualizar o Autor Desconhecido e todos os outros blogs paralelos, resolver todas as pendências que tenho na internet. Quero colocar tudo em dia.

Este blog passará a ser atualizado diariamente, para eu retomar o hábito. Ainda que seja de forma despretensiosa, é algo que eu tenho me cobrado. Quem sabe eu recupere minha meia dúzia de leitores. :-D Puxa vida, são oito anos de blog. Será que não sobrou unzinho?