Mês: abril 2011

Uma grande mudança

Quando planejei o período de férias do blog, ainda não sabia o estava por vir. Infelizmente não poderei contar em detalhes, mas farei o possível para mantê-los informados. Fiz a pausa porque estava no propósito do Jejum de Daniel, no qual passamos 21 dias buscando a Deus, meditando em passagens bíblicas, nos envolvendo com as coisas de Deus e nos abstendo de internet, televisão, jornais, revistas e notícias seculares, para priorizar o crescimento espiritual. É claro que por causa do trabalho eu tinha que checar emails, fazer uma ou outra atualização, mas deixei posts antigos agendados para publicação automática no Lampertop.

Essa pausa foi muito importante para arejar minha cabeça, até porque eu havia acabado de sair de um trabalho em uma empresa que quase me levou ao Burnout. E se eu não cuidar, mergulho na internet em um caminho sem volta, já que minha mente é extremamente ativa e rápida e quer absorver toda a informação do universo de uma só vez. Receita para ansiedade. Por isso eu precisava do Espírito Santo, para renovar minhas forças…e esse propósito veio na hora certa.

Durante os 21 dias de Jejum perguntei a Deus o que Ele queria que eu entregasse, o que me faltava sacrificar? A resposta veio rápida, como uma certeza dentro de mim: “a sua vida”. Mas como? Eu não havia entregado a minha vida? Se Ele estava pedindo, provavelmente não. Então as últimas semanas eu tirei para fazer essa entrega total, me despojando de tudo para ficar à disposição de Deus. Não sabia que seria literal.

Para muitos essas coisas  podem não fazer o menor sentido. Eu realmente não estou minimamente preocupada com isso, já que essa é a realidade em que eu vivo e o fato de você não compreendê-la não significa que ela não seja válida.

Semana passada a vida mudou, e quanto a isso ainda não entrarei em grandes detalhes ou este post ficará gigantesco. O engraçado é que começamos o ano determinando que e 2011 haveria uma grande mudança em nossa vida…hahahahahahaha…Deus tem senso de humor. No final da semana passada recebi um convite irrecusável. Não por causa do salário, mas por causa da oportunidade. Sim, um convite. Eu não pedi, ninguém sabia que eu não estava trabalhando, nem que eu queria voltar a trabalhar como escritora. Só Deus sabia.

O convite foi feito na quinta e recebi a confirmação na sexta…começaria já na segunda. Nenhum tempo de avisar ninguém. Correria total para arrumar as coisas e estar às 7h30 dentro de um avião rumo a São Paulo, definitivamente. O Davison continua em Porto Alegre organizando as coisas para a mudança (jogando fora as bagunças…risos…e arrumando o que efetivamente será transportado). Eu passei os últimos dias alucinada, às voltas com papelada para contratação e buscando um apartamento de dois dormitórios para alugar, que seja próximo de metrô.

Só falta encontrar o bendito apartamento, telar as janelas e o Davison envia os gatinhos assim que concluírem o tratamento da última crise de rino (chegando o inverno em Porto Alegre o povinho já começa a espirração). Agora começo a receber mensagens de amigos chateados porque não foram avisados. Não consegui avisar ninguém! Não deu tempo, falei com pouquíssimas pessoas, só as que encontrei pelo caminho, mesmo. E olhe lá!

Hoje é feriado e teve quem me convidasse para passear, para que eu não ficasse sozinha. Que fofas! Não sei se são as pessoas com quem estou convivendo, mas achei São Paulo uma cidade muito calorosa. O pessoal da redação me recebeu muito bem. Hoje eu pedi para ficar em casa para tentar escrever a quem me pediu detalhes do ocorrido, para acalmar o pessoal que ficou em Porto Alegre e também para atualizar meus perfis e meus sites, pois isso era algo que estava me incomodando e possivelmente não conseguirei fazer tudo hoje, até porque quero começar a trabalhar no projeto para o qual me chamaram, fazendo um esboço do que pretendo desenvolver, e já escrevendo as primeiras páginas.

Outra coisa legal de São Paulo é o espaço. É uma cidade espaçosa, espalhada…tem muito mais a ver comigo. Sem contar que hoje é feriado, mas as lojas abrem!!! O único supermercado 24 horas de Porto Alegre (que já fechou, by the way) fechava no feriado, o que era muito nonsense.

Só me falta descobrir onde ficam as coisas e como faço para chegar até elas…risos…mas eu me divirto com essa coisa exploratória, desbravando as matas inexistentes desta cidade. Meus dias têm sido incrivelmente neuróbicos…terminarei o ano com dez vezes mais neurônios do que eu tinha ao chegar.

Por enquanto é isso, pessoal…com o passar dos dias escreverei sobre São Paulo, nos intervalos do meu trabalho (se eu conseguir fazer algum intervalo…risos…).


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Em letras garrafais

Aproveitando as férias do Lampertop e a sensação de que enquanto estou agendando publicações futuras ninguém está lendo, ressuscito um texto de Josephine (retirado do Save The Planctons) do qual eu particularmente gosto muito…eu, particularmente, já que mais ninguém demonstrou algum apreço por tal texto… o pior é que apesar de meus esforços contínuos para ser uma pessoa mais organizada, minhas roupas continuam a ser acondicionadas em garrafas hermeticamente fechadas…ou ao menos é o que parece…

Sábado, Março 27, 2004

Em Letras Garrafais

Como todo Lunático, Edmund é extremamente organizado. As roupas são todas numeradas, para facilitar a identificação e as gavetas todas têm etiquetas com seu conteúdo esmiuçado.

Eu não sou lunática, mas também sou organizadíssima. A meu modo, é claro. No meu guarda-roupa as roupas ficam todas guardadas dentro de garrafas de diferentes cores. Quando alguém me encontra na rua e pergunta se a blusa que estou vestindo foi retirada de alguma garrafa, respondo sempre com a verdade.

Isso aconteceu hoje, uma amiga perguntou, ao me ver com a blusa vermelha ligeiramente amarrotada (na opinião dela): “Josephine! De qual garrafa você tirou essa blusa???” Sem entender exatamente o porquê de ela querer tal informação, respondi: “Terceira garrafa à esquerda, na segunda gaveta, de cima para baixo”.

Pode não parecer muito prático, mas esse sistema das garrafas poupa bastante espaço no guarda-roupa e estudo usá-lo para a organização de outros lugares, como por exemplo a mesa do computador.

Colocar todos os textos impressos que quase me impedem de conseguir ler algo no monitor neste momento em garrafas pode dificultar um pouco na hora de retirá-los, mas certamente manteria minha sala mais…digamos, respirável.

Penso que poderiam ser feitas garrafas um pouco maiores para nos poupar de outros tipos de superlotação. Engarrafar pessoas em um show, por exemplo, seria bastante útil para aumentar o espaço real. “Trânsito engarrafado” teria novo significado se esse sistema fosse posto em prática.

Poderiam ser feitas garrafas em novos formatos, como por exemplo, garrafas horizontais, para poupar espaço vertical. Poderia engarrafar Edmund, ele é muito alto e ocupa muito espaço vertical, que poderia ser usado para pendurar coisas importantes no teto.

Porém a idéia de ter um namorado engarrafado, parafraseando Edmund, “não me proporciona encanto”. Apesar de ele ter de andar abaixado, quase encurvado, no supermercado porque algum baixinho resolveu montar aqueles imensos ovos de páscoa sobre as nossas cabeças, as desvantagens de ter um namorado engarrafado superam quaisquer vantagens que eu possa visualizar.

Eu sei, engarrafar namorado não tem nada a ver com usar garrafas para organizar o guarda-roupa, mas de uma certa forma usamos garrafas para organizar a sociedade. Crescemos engarrafados e gostamos de engarrafar pessoas e tascar-lhes um belo rótulo.

Sair da garrafa, antes de um ato de baderna, é um ato libertário (embora seja recebido como ato de baderna, em primeira instância). Talvez- e só talvez- manter a bagunça sobre a mesa do computador e dentro do meu guarda-roupa, sem garrafa, sem caixa, sem nada, seja uma forma de liberdade não aceita pela sociedade.

Por que devemos guardar as coisas em gavetas? Eu sempre encontro as coisas quando elas não estão guardadas, e sempre as perco quando estão. Querem nos fazer acreditar que perderemos aquilo que deixarmos fora das caixas, gavetas e garrafas enquanto sabemos que é bem o contrário. Por que nos dobramos a isso então? Por que dobramos?

Por que dobramos as roupas nas gavetas? Por que simplesmente não as deixamos emboladas, como elas gostam de ficar, naturalmente?

Tento trazer esses questionamentos ao Edmund há pelo menos seis meses, mas não tem surtido efeito algum. Ele ainda dobra, meticulosamente, peça por peça e guarda tudo em gavetas.

Eu ando espalhada, fora minhas garrafas de roupas no armário. Por dentro sou assim, não sou uma pessoa dobrada. Alguém me disse que nosso armário revela quem somos por dentro. Seria preocupante, se eu já não soubesse.