Mês: maio 2011

Notinhas

Ainda não posso relatar detalhes de minha experiência ao público, mas estou anotando tudo para revelar em momento oportuno…risos…só posso adiantar que consegui alugar um apartamento e estou na expectativa de receber as chaves…oh, céus. Detalhes dessa expedição, só depois que as chaves estiverem em meu poder…risos…

Estou em outro hotel, e neste há formiguinhas minúsculas, quase invisíveis, alucinadas e neuróticas, correm de um lado para outro fazendo com que você acredite que viu um micro-vulto. Tentei fazer um acordo com elas: coloquei um pedacinho de pão torrado em um cantinho do quarto, para que elas me deixassem em paz. Funcionou, por um tempo. Agora elas voltaram para me perguntar se não tinha nada melhor a oferecer.

No extremo oposto ao das formiguinhas minúsculas e praticamente invisíveis, São Paulo é uma cidade de macro. Tudo é maiúsculo, grande, espaçoso, tudo é coletivo, aumentativo, superlativo…coisas acontecendo o tempo inteiro, distâncias gigantescas encurtadas pela vontade de se chegar ao outro lado…

Tenho me dedicado ao trabalho em tempo quase integral (o tempo que sobra eu vejo as questões do apartamento e mudança) e não consigo me comunicar direito com as pessoas. Acabo respondendo a uma pergunta no facebook, outra no email, escrevendo algo no Twitter…para não parecer que sumi de vez. Conta pontos a meu favor o fato de eu escrever muito rápido. Um post desse tamanho, por exemplo, não me toma três minutos. Mas penso seriamente na possibilidade de fazer posts curtinhos, concentrar tudo no blog. O que eu escreveria no twitter, o comentário que faria no facebook… me agrada mais, por ser menos…volátil.

Estranho vai ser para quem está habituado a ler longos textos por aqui. E desculpem por eu estar puxando o blog novamente para uma coisa pessoal, umbiguista, que eu não queria mais fazer. É só uma fase, só uma fase…

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A saga da busca por um imóvel

Eu nunca entendi o porquê de as pessoas (clientes e proprietários) torcerem o nariz para corretores…eu achava que era por terem pego algum desonesto pelo caminho…e pode ser, mesmo. Mas agora, estando do lado de cá, percebi que o negócio é bem mais complexo do que parecia.

Sempre que precisei escolher um imóvel para alugar, tinha alguém para fazer isso por mim. Ou o Davison, ou minha sogra, sempre tinha alguém para ver, escolher, assinar, etc. Eu confiava, deixava nas mãos deles, e não me envolvi com absolutamente nada do processo.

Agora estou tendo que ligar, marcar visita com o corretor, ir visitar…nenhuma experiência 100% boa até o momento!!! Como pode? Nunca trabalhei com aluguel, então não sei se o esquema dentro de imobiliária que trabalha com aluguel é diferente, ou se é só em São Paulo que é assim, mas achei muito engraçado chegar em uma imobiliária e não encontrar nenhum corretor de plantão para me atender e me levar para visitar um imóvel! Simplesmente me passavam o cartão do corretor e pediam para eu ligar para agendar com ele uma visita.

E o giro de imóveis aqui é tão rápido que fui em imobiliárias que tinham os anúncios de seus imóveis datilografados (!!) em bilhetinhos afixados em murais…as pessoas eram orientadas a olhar no mural…caso se interessassem por algum daqueles imóveis, pegariam o código e ligariam para o corretor, para agendar a visita. No entanto, eles não estão preocupados em fidelizar o cliente, dar atenção…estão preocupados com o volume, e me aconteceu várias vezes de marcar uma visita, chegar lá e…nada do corretor aparecer.

Primeiro, coloca o cliente em seu devido lugar: ele não é o todo-poderoso no controle da situação enquanto o corretor subserviente está à sua disposição em qualquer dia, horário ou local. O cliente é quem tem que correr para não deixar passar a oportunidade. Isso eu realmente achei positivo. O problema é dar abertura para a falta de interesse do corretor, o que pode atrapalhar o resultado da negociação. Primeiro, cito um caso que não foi de negligência, mas de omissão de informações por parte do corretor:

Corretor muito prestativo, respondeu rapidamente ao meu email, foi super educado e  quando soube que eu não era daqui, se ofereceu para me buscar no hotel. O apartamento estava anunciado como sendo próximo ao Santana Parque Shopping. São uns 750 metros, segundo o Google, uns dez minutos de caminhada…é perto, sim, mas essa informação faz a pessoa achar que o imóvel fica no bairro Santana. E não fica. O bairro é Cachoeirinha, a região tem cara de barra-pesada.

Eu perguntei se não era perigoso, já que eu teria que caminhar uns dez minutos até o ponto de ônibus para ir e voltar…ele mostrou umas casas “chiques” ali por perto e disse que se fosse perigoso, aquelas pessoas não morariam ali.

O imóvel estava reformado, lindo, mesmo, cheio de armários, mesa montada no home office…lustre modernoso, tudo lindo…mas a sala era pequena, em formato esquisito, nem sei explicar. No anúncio dizia que o apartamento tinha 65m², mas parecia que tinha 50. Os quartos eram tão apertados que duvidei que coubesse uma cama de casal ali. O corretor calculou e disse que o quarto tinha uns dois metros e meio de largura, caberia uma cama de 2 metros e ainda sobraria “todo esse espaço” (tipo…50 centímetros) para circulação.

Eu preciso de espaço. Meu apartamento em Porto Alegre tem uns 60m² e eu já me sinto encaixotada. Aquele parecia menor, e ainda eu tenho certeza de que os metros dele não eram lá muito quadrados…a sala era uma coisa esquisita, tipo um pentágono com menos de cinco lados, entende?

Mas o que pegou mesmo foi a dificuldade no deslocamento…não posso caminhar tanto para ir ou para voltar…e em um dia de muita chuva? Toda hora o corretor falava sobre trajeto de carro, mas eu já tinha dito que não usaria o carro. Helooo… Erro primordial: não ouvir o cliente. Não adianta ser um cara legal, prestativo, educado e não ouvir o cliente.Tentou me colocar um senso de urgência “por esse preço você não vai encontrar nada desse tipo, ainda mais com garagem”… “vamos à imobiliária fazer uma reserva para garantir”…e aquelas coisas que a gente já conhece bem. Mas não dá. Esse tipo de pressão não funciona com todo mundo, tanto que eu só usava quando realmente era verdade. E compra de imóvel é outra realidade, se eu deixo passar uma grande oportunidade é um investimento que estou jogando no lixo. Aluguel são outros quinhentos, não? Não sei se funciona do mesmo jeito.

Aliás, meu problema nesse processo todo é nunca ter trabalhado com aluguel, então não entendo nada mesmo. Só o que entendo é do imóvel, ver se as coisas estão caindo aos pedaços ou não, saber as perguntas que tenho que fazer (às vezes esqueço, mas tudo bem). Depois fui no esquema que todo mundo disse que era o melhor:  caminhar e ir perguntando, de edifício em edifício, se tinha alguma coisa disponível.

Eu devo ter muita cara (ou jeito) de corretora, porque mesmo de camiseta, calça jeans e sandália, a maioria dos porteiros me olhava com expressão desconfiada e perguntava: “você é corretora?”  Para não me estender no assunto, eu dizia que não. Ok, ser eu até sou, já que a gente nunca deixa de ser, mas não estou mais corretora. A chavezinha foi mudada para a posição “escritora e jornalista”, coisa que a gente também nunca deixa de ser.

Pois bem…nessas caminhadas encontrei UM apartamento dentro das especificações e ainda não consegui ver, está um pouco acima do valor que eu gostaria de pagar. Encontrei outros dois, em um bairro pouco mais afastado, mas próximos de metrô e ônibus…e bem mais baratos. Me atrasei (perdi o ônibus) e o corretor já tinha ido embora. Telefonei e apareceu uma  corretora simpática, ela foi super atenciosa ao me mostrar o apartamento, disse que também tem uma gatinha, conversou, foi super fofa. O problema foi que eu inventei de dizer que também era corretora…sim, eu expliquei que não estava trabalhando com imóveis, que vim para um trabalho na minha área e também que nunca trabalhei com locação. Achei que seria um ponto de identificação, mas ela pareceu um pouco irritada e subitamente ficou com pressa de sair. Acho que não gosta muito de corretores…risos….

Tem sido uma novela e tanto. As imobiliárias aqui têm uma espécie de convênio com uma empresa de seguros e não se esforçam nem um pouco para fazer negócio. Se não for com o tal seguro, elas nem querem papo. Duro é convencer o proprietário de que sou uma pessoa que paga aluguel direitinho (Dona Claira não tem do que reclamar…até pretendo divulgar o apartamento dela para meus contatos em Porto Alegre que queiram locar, quando ele estiver “visitável”) e que ele nunca vai precisar utilizar nem seguro, nem depósito, nem fiador, então please, me libera o que for mais rápido e prático porque eu preciso me mudar  ontem, ok? Minha família (marido e felinos) está longe e eu preciso trazê-los para perto o quanto antes. Ninguém se comove. Já fui melhor em minha capacidade de persuasão…quando eu era jovenzinha e tinha uma carinha de dó. Pode ser.

Procurando agora nem que seja uma kitnet mobiliada para alugar por algumas semanas ou um mês, para ter alguma privacidade, tranquilidade e ordem enquanto procuro apartamento definitivo para alugar. Estou usando meu tempo na busca por um imóvel e no trabalho que tenho a fazer, então muitas coisas têm ficado acumuladas, peço que por mais algum tempo tenham infinita paciência.

PS: Também teve outro que falou comigo por telefone, prometeu me ajudar, pegou todos os meus contatos e nunca mais ligou, nem falou nada. Eu não liguei, porque acabam aparecendo outros imóveis, outras imobiliárias e outros corretores. E yes, estou fazendo o que eu odiava que fizessem comigo…tipo, eu tenho pressa…se o corretor não me acompanha em minha pressa, paciência. Mas eu trabalhava com vendas…venda é um ritmo menos alucinado, os clientes não podem usar a pressa como desculpa. Imóvel para comprar a gente escolhe com calma…e seleciona muito bem um corretor para ajudar nessa busca.

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