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Quem disse que São Paulo não é uma cidade bonita? Se ao olhar para São Paulo você só consegue ver cinza, poluição, engarrafamento e concreto, olhe com os meus olhos.

Quando cheguei aqui, o que mais me impressionou foi o espaço. As ruas largas (claro que não todas, existem muitas bem estreitinhas, inclusive eu moro em uma delas…rs…), o espaço aberto…em vários lugares, é possível ver o horizonte.

Existem muitas árvores, muitos pássaros e céu azul! Nem sempre, é claro. Quero dizer, as árvores e os pássaros não saem daqui, mas o céu às vezes tem outras cores…lilás, ocre, rosa e – muito raramente daqui onde vejo – cinza. Mas na maioria das vezes, é realmente azul. Nem todo mundo olha para cima, nem todos observam as diferentes tonalidades das árvores e o quanto todos os detalhes são bonitos.

Se você olhar apenas para o que é feio, escuro e cinza, tudo para você será sempre feio, escuro e cinza – tudo. Treine seu olhar para ver o que é bonito e colorido.

Minha memória sobre árvores é engraçada. Eu tento me lembrar das árvores do meu passado e elas são todas em um tom de verde escuro, quase musgo, opaco, sem graça. Todas as árvores do meu passado são iguais. Tudo era muito sem graça, não importa em qual lugar eu estivesse, mesmo os que hoje sei que são os mais bonitos.

Campo Grande, Rio de Janeiro, Porto Alegre, a Serra Gaúcha e até mesmo São Paulo, o Ibirapuera, onde estive há uma década e não me lembro. Tudo era sem graça, porque dentro de mim tudo também era sem graça. Eu costumava dizer que não gostava de paisagem, porque era tudo igual. A monotonia estava em mim, mas eu achava que estava do lado de fora.

Só quando descobri que a gente escolhe qual ângulo enxergar é que me dei conta de quantos ângulos existem no mundo. Não existe só o preto e o branco. Tudo na verdade é extremamente colorido.

Mesmo em um dia de chuva, mesmo em uma noite fria, mesmo em uma manhã solitária ou em uma tarde cheia de trabalho, a vida pode ser uma coisinha alegre, colorida e saltitante, como um bichinho alienígena feito de gelatina (ok, sei que não foi uma analogia muito comovente…rs…)

Vou começar a levar minha câmera comigo quando sair de casa, para mostrar alguns ângulos desta cidade linda, como eu e meu marido a vemos. As coisas diferentes e engraçadas (como criaturas extremamente bem-humoradas, vemos muitas coisas engraçadas por aqui), as coisas bonitas…mesmo quando a câmera não conseguir fazer jus à beleza que eu enxergo (o que é bem frequente, já que minha câmera atual é bem rabugenta – razão pela qual eu tiro poucas fotos), tentarei descrever a realidade para vocês.