Mês: abril 2014

Calçada para quê?

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As calçadas de São Paulo são feitas para a plantação de postes de luz, árvores e placas diversas. Nelas também crescem rampas esquisitas que saem das casas das pessoas e que servem para colocar carros nas ruas. As calçadas também servem para colocar lixo, dentro ou fora de sacos plásticos, para que a equipe de limpeza pública possa retirar. Ou não.

Nunca ocorreu aos fazedores de calçadas desta cidade que elas deveriam servir para que pedestres pudessem caminhar. Muito menos que, às vezes, esses pedestres viriam sobre elas de cadeiras de rodas ou empurrando carrinhos de bebê. Para os fazedores de calçadas paulistas, os pedestres devem (assim como os carros, as cadeiras de rodas e os carrinhos de bebês) andar no asfalto, sempre atentos para que carros, motos e bicicletas não passem por cima deles.

Exceção, é claro, para os bairros de classes altas e um ou outro bairro mais antenado com as necessidades dos bípedes (e quadrúpedes também, por que não?). Nesses, há calçadas suficientemente largas para que pessoas, árvores, postes , rampas, lixos e placas possam coexistir harmoniosamente.

Na Zona Norte, porém, essas exceções são bem reduzidas. [Na área onde eu moro, além de tudo o que já mencionei, também há um fator complicador: inclinações do terreno. Escolhi uma região bem alta da cidade, por receio de alagamentos (a gente vem de fora e relaciona São Paulo a trânsito e alagamentos), então aqui tem algo que os gaúchos chamariam de “lomba”. Muitas lombas. Algumas ruas são quase verticais, a ponto de eu pensar seriamente em comprar um equipamento de escalada e usar as rampas das garagens como apoio para a subida. Mas essa é outra história.]

A prefeitura deveria ver? Alguém deveria legislar sobre isso? Alguém deveria fiscalizar?  Não há fiscalização para impedir esses abusos calçadísticos, então calçada em São Paulo é terra de ninguém. A desculpa é sempre a mesma: a cidade é muito grande, então é impossível controlar tudo. As calçadas têm vida própria, elas simplesmente nascem assim. E se alguém reclamar, elas podem ser vingativas, então deixem como está.

A vantagem é que parei de implicar com pedestres no meio da rua. Se em Porto Alegre isso não tem a menor explicação científica (portoalegrenses andam no meio da rua, mesmo com calçadas enormes), aqui em São Paulo lugar de pedestre é no meio da rua.

Para mulheres e para quem convive com mulheres

diaMEssa foto não é de hoje, porque hoje estou com uma baita sinusite, com carinha imprópria para as fotos (os gaúchos diriam que foi porque saí no frio com o cabelo molhado…aliás, diriam, não, dizem! Tenho um gaúcho em casa me dizendo isso, e já estou acreditando…rs). Veja como são as coisas…não coloquei essa foto no Instagram quando tirei porque achei que tinha ficado meio esquisita. Mas sob a perspectiva do que eu vi no espelho hoje, ela ficou muito bonita, aí resolvi colocar no blog…rs… Tudo é mesmo uma questão de perspectiva.

Sabe quando sua cabeça parece pesar mais do que você e seus olhos ficam apertados como se você estivesse com sono, ainda que não esteja? Pois é, assim estou eu, mas me cuidando para poder estar amanhã 10h no Parque da Juventude (se você não sabe o que vou fazer lá amanhã, entra no site do “Dia Universal da Mulher” para ver do que se trata. Aproveita e procura o endereço de onde vai ser o evento na sua cidade, porque eu vou falar dele depois e você vai ficar triste por não ter ido…rs). Finalmente fazem um evento legal aqui na Zona Norte e eu não vou poder ir? Vou, sim! Nem que seja com cara de sinusite…rsrs…

O “Dia Universal da Mulher” se trata (olha aí, eu disse que não ia falar, mas acabo sempre falando!) de um movimento pela valorização da mulher. Mas não aquelas coisas feministas de sair na rua com cartazes e gritando palavras de ordem, porque isso não resolve o que realmente importa. Assistindo aos vídeos e vendo os depoimentos das mulheres, percebi que me identificava com a maioria. Eu já passei por quase tudo o que elas falam, em maior ou menor grau, exceto abuso físico. Cobranças, insegurança, desvalorização… Só quem venceu essas coisas sabe o quanto não foi fácil. Mas também sabe que é possível. São lutas que travamos contra nós mesmas todos os dias e nos tornamos pessoas mais fortes e melhores ao vencê-las. Mas nem todas vencem. E meu interesse, além do meu próprio crescimento, é claro, é poder ajudar outras mulheres a vencer. Por isso eu não perco esse evento de jeito nenhum.

Estava olhando o site e encontrei esse texto da Cristiane, que faço questão de colocar aqui, esperando que ele tenha em você o mesmo efeito que teve em mim. Em cada linha, eu via uma mulher. Eu via todas as mulheres. Fiz uma viagem ao meu passado, à minha história, à história de minhas amigas, à história das mulheres que conheço e que já conheci. Fiz uma viagem à história de tantas mulheres que não conheci pessoalmente, mas sobre as quais já li…biografias que nos fazem ficar com raiva lá na metade porque elas fizeram escolhas erradas, porque elas não se enxergavam, porque elas não faziam a menor ideia de seu próprio valor.

Elas…

Cristiane Cardoso.

Elas se entregam para qualquer um que lhes dê “amor”

Elas aceitam abuso emocional, físico e verbal por “amor”. E as que não aceitam, não conseguem sair dessa situação devido aos filhos, às condições financeiras ou até mesmo às ameaças de morte.

Elas morrem na cama de cirurgia por causa da pressão que existe para serem perfeitas e terem um corpo escultural.

Jovens com anorexia porque querem ser como as celebridades e modelos que o mundo dita ser O REFERENCIAL para a mulher.

Elas são trocadas por mulheres mais jovens e bonitas.

Elas são descartáveis para muitos homens.

Elas cresceram na carreira, mas ficaram sós e não conseguem ser felizes.

Elas foram abusadas quando criança ou jovem, e carregam essa marca para a vida adulta.

Elas se acham superiores aos homens, mas inferiores as outras mulheres.

Elas são impulsivas e precisam comprar roupas e sapatos para se sentirem melhor consigo mesmas.

Elas dependem da opinião alheia

Elas são escravas do que a moda diz.

Elas se vestem de forma sexy para chamar atenção e ter um pouquinho de “valor”, mesmo que seja à custa do próprio corpo.

Elas se vendem na prostituição.

Elas se vendem na pornografia.

Elas não sabem ser mães porque não tiveram uma mãe presente.

Elas não respeitam os homens porque a figura deles em suas vidas foi distorcida através do abuso.

Elas pensam que merecem a vida infeliz que têm.

Elas são escravas de suas emoções.

Elas se odeiam e por isso não conseguem amar.

Elas acham que a mulher virtuosa é uma ficção porque, na verdade, não conseguem ver a própria capacidade.

Elas abusam de substâncias como o álcool, as drogas ou os medicamentos psicotrópicos para estarem insensíveis à realidade.