Estava relendo o texto que escrevi ontem e uma coisa me chamou atenção: Eu conto toda aquela história dramática do meu marido desenganado e da primeira vez que eu consegui usar a fé bíblica, com direito a fazer um pacto com Deus, e em seguida digo “Ainda demoraria mais quatro anos para que tivéssemos nosso encontro com Deus.” Por quê? Porque depois daquela experiência ainda tivemos que encarar mais quatro anos para que cumpríssemos a nossa parte do contrato? Acho que isso merece uma explicação.

Não pense que Deus demorou quatro anos para querer se manifestar na nossa vida. Não pense que passamos quatro anos buscando até que pudéssemos encontrá-Lo. Quando chegamos em casa, com os cuidados do dia a dia, eu mergulhei na situação em que vivíamos e simplesmente me esqueci daquela fé. A ponto de não ir mais na igreja, e, quando ia, chegava com uma hora de atraso e não prestava atenção em nada. A única reunião de que me lembro essa época foi uma de domingo de manhã em que o bispo Emerson nos desafiou a dizer o que ele havia pregado na semana anterior. Obviamente, eu não fazia ideia, assim como a maioria das pessoas. Então, ele disse que nós não estávamos prestando atenção, que estávamos nos comportando como meros ouvintes da Palavra, e não praticantes, então nada iria acontecer. Naquele dia eu fiquei com vergonha e me dei conta de que eu ia à igreja inutilmente, já que estava com o corpo ali e a cabeça em qualquer lugar. Religiosamente.

Era como se a fé só pudesse ser usada em situações-limite, quando a água batia no pescoço. Por que demoramos quatro anos para ter um encontro com Deus? Por causa da nossa cabeça-dura. Por algum motivo, achamos que dava para continuar a vida na força do nosso braço e que não precisávamos sacrificar mais nada. Assim, vivemos na corda-bamba por mais quatro anos. A única área da nossa vida que estava intacta era o casamento, porque a nossa base era racional. O resto, estava desmoronando.

O bom é que Deus é realmente maravilhoso e levou em consideração o fato de eu ser tão tapada, porque se Ele fosse me julgar pela minha ingratidão, eu estava ferrada. Enfim, quatro anos depois, já no fundo do fundo do poço, finalmente deixamos o orgulho de lado e conseguimos entender que se não abríssemos mão de tudo aquilo que tínhamos, que éramos, que pensávamos e que achávamos que sabíamos, nunca sairíamos do lugar. Então, tivemos que sacrificar. Tudo, começando com o que tínhamos dentro da gente. Eu já não tinha muita coisa, porque até a memória estava começando a perder. Mas todo o fundamento religioso que tinha dentro de mim foi para o lixo. Eu decidi nada saber. Eu iria aprender do zero.

Quando a Palavra se cumpre

Preciso de um post inteiro só para explicar como caiu minha ficha e como foi meu encontro com Deus. Mas já adianto que no mesmo dia em que resolvi voltar para a igreja e realmente me coloquei no Altar, eu tive um encontro com Deus. No mesmo dia! Então, só demorou quatro anos porque eu fui cabeça dura e não quis fazer isso antes.

No entanto, ontem eu estava meditando nisso tudo que aconteceu e percebi que Deus leva muito a sério a Sua Palavra e também a nossa palavra. Eu dei a minha palavra a Deus, e Ele deu a Palavra dEle. Ele cumpriu a Palavra dEle, e esperou que eu cumprisse a minha. Antigamente a palavra de alguém tinha muito valor. Só gente mau caráter empenharia a palavra e não cumpriria depois. Hoje, é comum empenhar a palavra, prometer alguma coisa, e depois se esquecer. Mas se você quiser alguma coisa de Deus nesta vida tem de aprender a honrar a sua palavra, porque a palavra que sair da sua boca perseguirá você. Tenha consciência de tudo o que sai da sua boca.

Deus teve muita misericórdia de mim, pois se Ele tivesse decidido desistir de mim, teria toda razão. Mas não foi isso que Ele fez. Porque se houver uma mínima chance de você abrir os olhos e despertar, Ele não vai desistir de você. Mas não ache que isso é uma licença para sair vivendo do jeito que quiser e esperar que Deus tenha misericórdia. Não arrisque o que você não tem. Eu andei quatro anos na corda-bamba e saí dela um segundo antes que ela se arrebentasse. Gostaria de ter tido oportunidade de ouvir isso antes.

PS. Em tempo:

Não acho que eu seja o modelo de membro perfeito dentro da igreja, longe disso, mas para fazer um contraponto com a criatura totalmente desconectada do próprio corpo que descrevi logo acima, vou dizer como faço hoje. Quem sabe ajude alguém. Primeiro, faço questão de chegar antes da reunião. De preferência, uma hora antes ou meia hora antes. Aprendi isso com o Davison. Se estou indo me encontrar com o Rei, não posso chegar atrasada ou ir de qualquer jeito. Hoje, quando vou à igreja, me certifico de estar lá por completo. Minha mente tem de estar ali também. Presto atenção em cada palavra, e anoto o que não posso esquecer. Vivo cada uma daquelas palavras, faço das músicas minhas orações (presto atenção na letra), faço minhas orações de modo a prestar atenção no que estou fazendo, falando com Deus como se eu falasse com um amigo meu, com uma pessoa que eu considero muito, de modo racional (sinceramente, não me preocupo muito com como estou parecendo para quem vê de fora. Às vezes tenho que tapar um ouvido para me concentrar melhor, e prefiro correr o risco de parecer esquisita para quem vê de fora, mas não perder a oportunidade de falar com Deus).

Vou à igreja pensando: “o que será que Deus vai falar comigo hoje?” Vou querendo ouvir Deus. E Ele sempre fala quando nos dispomos a ouvir. E eu saio de lá já pensando em como colocar em prática o que aprendi. Aí, não tem como esquecer. Ah, e presto atenção na hora da oferta, também. A hora da oferta não é um intervalo, é um momento extremamente espiritual e você precisa de total atenção para fazer a coisa direito — ou decidir não fazer, que é melhor do que fazer de qualquer jeito. Aliás, em relação às coisas de Deus, é sempre melhor não fazer do que fazer de qualquer jeito, mas a melhor opção mesmo é fazer da melhor maneira possível, com toda a sua força. Fazer o melhor que você consegue é o primeiro passo para conseguir fazer mais do que você pode agora.