Mês: julho 2014

Acordo de paz em Israel?

Quando vejo alguém dizer, a respeito do conflito na faixa de Gaza, que os dois lados devem estabelecer (e cumprir) algum acordo de paz, percebo que as pessoas não entendem nada a respeito do espírito do Hamas. Para esclarecer, vamos começar com parte do estatuto do Hamas:

“Os judeus nunca ficarão contentes, tampouco os cristãos, ao menos que se siga a religião deles. Dizei: ‘A orientação de Alá é a orientação certa.’ Mas se seguirdes os desejos deles, depois de saberdes quem foi que veio até vós, então não tereis a proteção e a guarda se Alá. (Alcorão 2- 120).

Não há solução para o problema palestino a não ser pela jihad (guerra santa).

Iniciativas de paz, propostas e conferências internacionais são perda de tempo e uma farsa. O povo palestino é muito importante para que se brinque com seu futuro, seus direitos e seu destino. Como consta do Hadith: “O povo de Al-Sha’m é o açoite (de Alá) na Sua terra. Por meio dele, Ele se vinga de quem Ele quer, dentre os Seus servos. Os hipócritas não podem ser superiores aos crentes, e devem morrer em desgraça e aflição.”

Notem que o Hamas foi construído sobre a premissa de que iniciativas de paz e conferências internacionais são uma farsa. Outra premissa é que a única solução é a jihad. Mais adiante vamos ver nesse mesmo documento que o objetivo é a aniquilação dos judeus. Eles realmente acreditam que os judeus são do mal e que devem ser exterminados (utilizam um trecho do Corão para justificar isso). Logo, não há “acordo de paz” ou forma de coexistir um estado israelense e um estado palestino enquanto um dos lados achar que a única saída é a aniquilação do outro lado e que vale tudo para que isso aconteça. Então, é mais do que compreensível que, mais cedo ou mais tarde, Israel resolva destruir o Hamas. E fazer isso enquanto a organização está fraca (pois perdeu apoio dos países vizinhos) seria uma ideia interessante, se não houvesse outro ponto importante nesse espírito do Hamas: vale tudo pelo objetivo.

O Hamas é uma organização criada com um propósito claro: destruir os judeus e tomar posse do país inteiro. Seus membros são doutrinados a viver e morrer por essa causa. Eles aprendem que judeus são inimigos cruéis e que, por isso, qualquer atitude é válida para destruí-los. Inclusive o uso de escudos humanos. Além de esconderem seus arsenais propositalmente em escolas e hospitais, eles usam seus próprios filhos e a população civil para que sejam mortos e virem mártires na televisão. Há no estatuto várias passagens que exaltam a morte dos que forem sacrificados na jihad. É algo nobre morrer (ou ser morto) pela causa, mesmo que o morto seja civil ou criança. Eu estranho o fato de que a maior parte das vítimas palestinas sejam civis e muitas crianças estejam envolvidas, pois não é assim que Israel age e nem faria sentido que atacassem esse tipo de alvo, sendo que isso faz com que a opinião pública se volte contra eles. O espírito do Hamas quer gerar em todos o mesmo ódio e indignação contra Israel que ele tem. Mas quando a emoção está envolvida (e o que causa tanta emoção quanto ver crianças feridas?) todo mundo para de pensar.

É estranho para nossa realidade ocidental imaginar um grupo que coloque seus filhos e sua população civil no meio de uma guerra deliberadamente, não acredite em iniciativas diplomáticas de paz e busque a morte daqueles que pensam diferente deles. Eles não fazem isso por mal, eles fazem isso porque acreditam e são doutrinados a isso desde a infância. O espírito que orienta isso tudo não está nem aí com o número de pessoas que ele vai conseguir levar. O que ele quer é destruir os judeus (e quem está lutando por isso crê que luta pela posse total do território para a Palestina). O que, obviamente, não acontecerá (ou a Bíblia deixaria de existir, já que faz promessas para o futuro de Israel), mas nada o impede de tentar. O Hamas acredita que os “infiéis” devem ser mortos e glorifica os muçulmanos que morrem pela jihad. Então, morrer pela Palestina é algo positivo para eles. E entendem que os palestinos que eles mesmos matam serão recebidos como mártires pelo deus deles. Veem como honra, pois lutam por um ideal. Mais um trecho do estatuto do HAMAS:

“o Movimento de Resistência Islâmica (HAMAS)  aspira concretizar a promessa de Alá, não importando quanto tempo levará. O Profeta, que as bênçãos e a paz de Alá recaiam sobre ele, disse; “A hora do julgamento não chegará até que os muçulmanos combatam os judeus e terminem por matá-los e mesmo que os judeus se abriguem por detrás de árvores e pedras, cada árvore e cada pedra gritará: Oh! Muçulmanos, Oh! Servos de Alá, há um judeu por detrás de mim, venha e mate-o, exceto se se tratar da árvore Gharkad, porque ela é uma árvore dos judeus.” (registrado na coleção de Hadith de Bukhari e Muslim).

O Lema do Movimento de Resistência Islâmica

Art. 8º Alá é a finalidade, o Profeta o modelo a ser seguido, Alcorão a Constituição, a Jihad é o caminho e a morte por Alá é a sublime aspiração.”

Ao ler o trecho acima, imediatamente me lembrei do trecho abaixo, do Antigo Testamento, em que Deus fala contra os Edomitas (descendentes de Esaú, que não existem mais) e a favor de Israel (filhos de Judá e casa de Jacó):

“Mas tu não devias ter olhado com prazer para o dia de teu irmão, o dia da sua calamidade nem ter-te alegrado sobre os filhos de Judá, no dia da sua ruína; nem ter falado de boca cheia, no dia da angústia; não devias ter entrado pela porta do Meu povo, no dia da sua calamidade; tu não devias ter olhado com prazer para o seu mal, no dia da sua calamidade; nem ter lançado mão nos seus bens, no dia da sua calamidade; não devias ter parado nas encruzilhadas, para exterminares os que escapassem; nem ter entregado os que lhe restassem, no dia da angústia. Porque o Dia do SENHOR está prestes a vir sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; o teu malfeito tornará sobre a tua cabeça. Porque como bebestes no Meu santo monte, assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido. Mas, no monte Sião, haverá livramento; o monte será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.” (Obadias 1.12-17)

No vídeo abaixo, o porta-voz do Hamas admite o uso de escudo humano. (As legendas estão em inglês, mas a transcrição está logo abaixo.)

 

Transcrição do vídeo, em português:

Âncora: As pessoas ainda estão indo para os telhados?
 
voz do repórter Ayad Abu Rida: Testemunhas nos disseram que é uma grande reunião e que as pessoas ainda estão indo para a casa da família Kawari, a fim de evitar que os aviões Sionistas atinjam a área.
 
Âncora, para Sami Abu Zuhri: Qual é seu comentário a respeito disso? As pessoas estão adotando o método de escudos humanos, que provou ser bem-sucedido nos dias do mártir Nizar Riyan.
 
Sami Abu Zuhri, Porta-voz do Hamas: Isso atesta o caráter de nosso nobre povo combatente da Jihad, que defende seus direitos e suas casas com seus peitos nus e seu sangue. A política de pessoas enfrentando o avião de guerra israelense com seus peitos nus, a fim de proteger suas casas provou ser eficaz contra a ocupação. Essa política também reflete o caráter do nosso bravo e corajoso povo. Nós no Hamas convocamos o nosso povo a adotar essa prática, a fim de proteger as casas palestinas.

 

Por esse pensamento, tantos civis palestinos estão morrendo. Por que a estratégia havia se provado eficaz contra a ocupação? Israel não pretendia atingir civis. Porém, se quiser evitar o pior, terá de enfrentar o pior. O Hamas é determinado, tem um objetivo bem claro, acredita nele, é perseverante e não poupará meios de atingi-lo. E, principalmente, tem convicção de que a única maneira de conseguir a posse total da terra (e eles não querem dividi-la com os judeus) é por meio da jihad, da guerra que poderíamos entender como suja, mas que eles veem como limpa e santa. Como Israel está bem familiarizado com os objetivos do seu oponente, não dá para estranhar que não queiram baixar as armas. Posso não gostar de guerra, mas entendo a situação ali.

Israel entrou por terra, para evitar mísseis em escudos humanos. A guerra começou. É claro que ninguém (além do Hamas) está feliz com a guerra, mas ela era inevitável (e ainda há muita água para rolar debaixo do Apocalipse até que tudo se resolva). No entanto, é necessário evitar entrar na conversa de parte da mídia em relação a isso, que tem ignorado as intenções do Hamas, por ignorância ou por beber do mesmo espírito. E, sem emocionalismos, sigamos racionalmente o conselho bíblico:

“Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam. Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios. Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz em ti! Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o teu bem.” (Salmos 122.6-9)

 

 

Elogio

Ser direta para ganhar um elogio do marido é uma boa estratégia. Ao cortar o cabelo, perguntar “cortei o cabelo, ficou bonito?” é mais eficiente do que esperar que ele repare. Mas é importante saber que não dá para controlar em qual embalagem o elogio virá…rs.

Dia desses fomos à feira, o tiozinho cobrou oito Reais por um coco – três a mais do que na semana anterior. Nos olhou dos pés à cabeça e falou o preço duas vezes. As outras barraquinhas, com o preço anotado, pelo menos são mais justas nesse aspecto, você sabe o preço exato do negócio e pode até pechinchar para ele diminuir, mas não corre o risco do feirante aumentá-lo loucamente e fazer um preço para cada cliente, com critérios que só ele conhece.

Apesar disso, foi um agradável iniciozinho de manhã, nos divertimos do nosso jeito de casal velhinho (porque temos oitenta anos de casados, vocês sabem), compramos raízes tuberosas, comemos pastel (apesar do glúten) e tomamos caldo de cana. Ao chegar em casa, me olhei no espelho e – momento raro na vida de uma mulher – gostei do que vi. Querendo ganhar um elogio, fui direto ao ponto:

– Estou bonitinha, né? – E o Davison:

– Você está tão bonita que até inflacionou o preço do coco!