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Como todo mundo sabe, não acompanhei os jogos do mundial. Mas aqui na Zona Norte é impossível não saber o resultado dos jogos. Pouco mais do que vinte minutos do início do jogo, um vizinho começou a gritar: “não, não”, desesperado, como se estivesse tendo um infarto. Na primeira meia hora, foram cinco gols da Alemanha. Estranhamente, todo mundo já agia como se a copa estivesse perdida. Depois disseram que os próprios jogadores estavam perdidos em campo, desorientados.

O gurizinho da casa ao lado (deve ter uns quatro ou cinco anos) estava gritando: “Amarelo, faz gol! Amarelo, faz gol!” E a mãe o repreendeu, irritada, dizendo que não adiantava, pois já estava cinco a zero.

Agora, eu não sou deste planeta, mesmo. Quando soube que em menos de meia hora a Alemanha tinha feito cinco gols, sabe o que eu pensei? “Bem, que bom que ainda está no começo. Se em meia hora um time pode fazer cinco gols, nos 60 minutos restantes o outro time pode fazer dez gols.” Não é lógico? Se eu estivesse assistindo ao jogo, ficaria preocupada ao ver cinco gols do adversário sendo feitos nos últimos 30 minutos, não nos primeiros! Se a seleção fosse Vanessa, teria feito 10 a 5. Pode apostar. E imagina só como a glória seria muito maior: quantos jogos de futebol com placar 10 x 5 você já viu na vida? Quanto mais você perde no começo, maior é a sua vitória no final. Se foi possível para a Alemanha fazer cinco gols em 30 minutos, por que o Brasil não poderia fazer o dobro disso no dobro de tempo?

Aí eu fiquei pensando com os meus botões…se as pessoas que se dizem “torcedoras” desistem de torcer ao primeiro sinal de derrota, lá no comecinho do jogo, o que será que elas fazem em suas vidas? Na primeira dificuldade, já começam a reclamar, já veem as dificuldades, já querem desistir, já se enxergam perdedoras. Se agem assim ao torcer, é porque agem assim na vida, também. Seu padrão de pensamento não muda. O que você usa para uma coisa, com certeza vai usar para outra. Se você é negativo e desiste fácil, vai ver tudo sob uma ótica negativa e entreguista.

Não assisti ao jogo, mas é bem fácil imaginar por que a Alemanha conseguiu cinco gols em menos de meia hora. Os alemães são, culturalmente, um povo mais racional. Os brasileiros são puramente emocionais. Os alemães tinham em mente o objetivo: fazer gol. Os brasileiros possivelmente entraram em campo sem muito foco e depois do primeiro gol, perderam mais ainda o foco que não tinham. Certamente o descontrole emocional e a sensação de “estamos perdendo”, que tomou conta da torcida, tomou conta dos jogadores, também. Esse é o jeito que fomos ensinados a viver. E se não quisermos entregar ao adversário logo nos primeiros minutos um jogo que poderíamos muito bem vencer de goleada, temos de aprender uma forma diferente de ver as coisas. Acreditar que é possível, manter o foco e dobrar a força a cada dificuldade. Graças a Deus por hoje ter essa visão.

Na vida ou no esporte, a disputa é muito mais na mente do que no campo. O adversário fez um gol? Pense: “ah, é? Eu vou fazer dois!” E vá para cima. Essa tem de ser nossa atitude na vida. Você perdeu alguma coisa? Agora é questão de honra: amplie sua visão e busque coisas maiores ainda! E mantenha o foco. Não desvie sua atenção por absolutamente nada. Não desista daquilo que você quer. Até o último segundo, tudo pode mudar se você trabalhar para isso. Mas se você se acreditar perdedor e desistir, seu fracasso terá sido culpa sua. Que fique bem claro: se o Brasil perdeu hoje, a culpa foi dessa mentalidade tosca, e não do jogador x ou y.