1420376_84264715Imagem: Phostezel

Resolvi falar sobre algo que eu já resolvi há bastante tempo, mas que pode ajudar alguém. Me lembrei disso por ter lido um trechinho de um livro que tenho aqui em casa. É um livro beeeeem antigo (da década de 60) de R. Schuller , que nem é vendido mais nas livrarias (está fora de catálogo há um tempão) e é bem desatualizado, chamado “O pensamento da possibilidade conduz ao êxito” (Move ahead with possibility thinking). Eu gosto da forma dele diferenciar as pessoas pela maneira de pensar. Segundo ele, existem os pensadores da possibilidade e os pensadores da impossibilidade. Segue a definição desses últimos:

“Os pensadores da impossibilidade são pessoas que fazem exames rápidos e completos sobre uma ideia proposta, esquadrinhando-a com um agudo olho negativo, vendo somente os aspectos desagradáveis. Procuram motivos por que algo não dará resultado em vez de visualizar os meios pelos quais poderia dar resultado. Assim, inclinam-se a dizer ‘não’ a uma proposta, jamais dispensando à ideia uma atenção razoável.

Os pensadores da impossibilidade são pessoas que imediata, impulsiva, instintiva e impetuosamente reagem a qualquer sugestão positiva com um conjunto de motivos de ordem geral, não estudados, irresponsável, por que a sugestão não pode ser realizada, ou por que é uma ideia má, ou como alguém mais que tentou realizá-la e fracassou, ou (e este é, geralmente, o argumento a que  se apegam) quanto vai custar! São pessoas que sofrem de uma perigosa malignidade mental a que chamo de complexo de impossibilidade. São imaginadores de problemas, previsores de fracasso, visualizadores de dificuldade, pressentidores de obstáculos, estimadores de custo exagerado.

A atitude deles produz dúvida, estimula o medo e gera um clima mental de pessimismo e fadiga. São criadores de preocupação, esvaziadores de otimismo, esmagadores de confiança. O resultado final? Ideias positivas sepultadas, sonhos desfeitos e projetos torpedeados.”

Eu era exatamente assim. Esse foi meu pior diagnóstico. Isso cansa e acaba trazendo problemas de saúde, inevitavelmente. Sem contar que seu mundo fica cinza e você colhe os frutos da sua forma de ver as coisas. Tudo realmente fica mais difícil e os relacionamentos vão se deteriorando, porque você se torna meio insuportável. Só quem o ama muito permanece por perto – e, às vezes, nem esses. É normal (embora não recomendável) ser meio assim na adolescência, porque adolescentes tradicionalmente são emocionais e o cérebro ainda está se desenvolvendo. Mas manter isso depois dos 18 anos é uma escolha imbecil, me desculpe dizer, porque só quem quebra a cara com isso é a própria pessoa. Ela irrita os outros ao seu redor, mas dificilmente prejudicará a alguém mais do que a si mesma.

Você mantém o complexo de impossibilidade reagindo sempre da maneira descrita acima. E começa a quebrá-lo ao fazer um esforço consciente para mudar a sua reação. Sua escolha racional de ser um pensador da possibilidade.

“Os pensadores da possibilidade perceptivelmente examinam cada problema, proposta e oportunidade a fim de descobrir os aspectos positivos presentes em quase todas as situações humanas.

São pessoas exatamente como você, que, quando se defrontam com uma montanha, não desistem. Continuam lutando até que a transponham; encontram uma passagem, um túnel – ou simplesmente ficam ali e transformam a montanha em uma mina de ouro.

Por que têm êxito?

Elas se prepararam para procurar as possibilidades em todas as áreas da vida. Aprenderam a maneira de:

  • Vencer os complexos de inferioridade e viver confiantemente
  • Dar atenção a novas ideias e avaliá-las com cuidado
  • Localizar as oportunidades e agarrá-las com coragem
  • Aceitar os problemas desafiantes e resolvê-los de maneira criativa
  • Enfrentar as tragédias pessoais com serenidade de espírito, se possível, e usá-las construtivamente

Grande gente! Esses construtores da fé, propulsores da esperança, criadores de confiança, geradores de entusiasmo, espalhadores de otimismo!

A história os denomina: Promotores da paz, quebradores de recorde.

(…)

Dê apenas ma olhadela nos monumentos inspiradores que eles deixaram atrás de si:

  • Casamentos bem-sucedidos e famílias felizes
  • Empresas lucrativas e grandes instituições
  • Drogas que salvam vidas e procedimentos cirúrgicos
  • Arranha-céus que se levantam acima da linha do horizonte
  • Satélites que navegam silenciosamente pelos mares insondáveis do espaço
  • Crianças risonhas em lares felizes mediante o poder do amor de Deus

(…)

Torne-se um pensador da possibilidade e, assim, se torne alguém num mundo onde há ninguéns em demasia, um sucesso numa multidão de fracassos.  Se observar os princípios dos pensadores da possibilidade, você também pode

  • Tornar os sonhos em realizações excitantes
  • Tornar os problemas em projetos lucrativos
  • Tornar os obstáculos em oportunidades raras
  • Tornar as oportunidades em ricos empreendimentos
  • Tornar as tragédias em triunfos inspiradores.

Siga por este caminho cuidadosamente e sua vida assumirá um novo e extraordinário poder.”

Quando li isso pela primeira vez, entendi por que minha vida estava do jeito que estava. E, sendo membro da Universal há quase dez anos, consegui identificar quase imediatamente que aquilo que o livro descrevia era o que conhecíamos por “viver pela fé”. De repente, na minha frente surgia a chave para conseguir colocar a fé em prática: mudar minha forma de enxergar o mundo e de reagir às situações. Depois me dei conta de que isso já estava claro na Bíblia, quando Paulo diz: “Transformai-vos pela renovação da vossa mente para que experimenteis qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.” (Romanos 12.2) Sem contar Filipenses 4, é claro, que descreve o que deve ocupar nossa mente, listando apenas coisas bem positivas.

É engraçado porque, quando se conversa com um pensador da impossibilidade clássico, é inútil tentar dar um conselho ou uma ideia de solução para o problema. Ele logo responde com um outro problema, a forma mais negativa possível de imaginar sua solução colocada em prática. Mesmo sofrendo com a situação, ele não se esforça para se livrar dela. Apesar de já ter agido assim, não sei exatamente o que esse tipo de gente quer. Talvez atenção, talvez alguém que diga: “é isso mesmo, que situação horrível” e o faça se sentir melhor, confirmando que não haveria nada que ele pudesse fazer para se livrar do problema – mesmo que isso não seja verdade.

Parece “melhor” do que ser confrontado com o fato de você só estar sofrendo por ter preguiça de fazer algo, de fazer o sacrifício necessário para se livrar da situação. Minha irmã costumava terminar a conversa (e me irritar) com a seguinte frase: “Bem, então seu problema não tem solução”. – E não tinha mesmo. Seu problema só terá solução quando você decidir encarar o que precisa ser feito para solucioná-lo. Fazer mais, sofrer menos. Fazer mais, reclamar menos. Fazer mais, relutar menos. Não esperar que a mudança venha dos outros, nem colocar sobre eles responsabilidades que são suas. Olhar mais para você, menos para os outros. Fazer mais, julgar menos. Uma boa dose de humildade deve ser tomada antes da decisão de se tornar um pensador da possibilidade. Mas, se você quiser ser alguém na vida e fazer algo útil com sua existência, não existe outro caminho.

 

“Eu preferiria tentar algo grande e falhar, a tentar fazer nada e ter êxito.”

 

PS: É importante esclarecer que apesar desse livro ser bom, Robert Schuller pirou na batatinha pouco tempo depois, então não o considero um autor recomendável. A coisa subiu à cabeça e ele realmente saiu de sintonia, chegando a se unir ao catolicismo e ecumenismo. Acho que esse é o único livro dele que faz sentido biblicamente falando. É um belo alerta: não adianta você pensar direito e usar a fé se a base for seu ego, e não Deus.