Mês: janeiro 2015

Jejum de informações, Jejum de Daniel – Por que fazer?

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A vida moderna gira em torno de informação. Quando falo de “informação” não estou me referindo apenas a notícias, jornalismo ou livros. “Informação” é qualquer conteúdo a que você tenha acesso, não importa se útil ou inútil. Seu feed de notícias, a timeline da sua rede social, os milhões de negocinhos a que você se expõe para entretenimento: as músicas que ouve, os filmes a que assiste, os vídeos que vê no youtube, as novelas que acompanha na TV, os programas de auditório, enfim, tudo o que estimula seus sentidos e transmite dados para o seu cérebro.

Em teoria, estimular sentidos e transmitir dados é uma coisa boa. Cansei de falar das vantagens de ler e sou amiga de novidades, de descobertas, aprender coisas, conhecer novos lugares e comer coisas diferentes. Porém, nossa sociedade já cruzou a linha do bom senso nesse aspecto há muito tempo. Hoje, não há limites para coisa nenhuma. Como consequência, você mergulha em uma sobrecarga de estímulos e não se dá conta do que isso faz com a sua cabeça e com a sua vida.

O excesso de informação hoje é um problema crônico da nossa sociedade. É o responsável por grande parte dos casos de ansiedade que lotam consultórios e enchem os bolsos dos fabricantes de psicofármacos. Quando são expostas a uma quantidade absurda de informação, como acontece diariamente, as pessoas não conseguem processá-las. Isso diminui a capacidade analítica, como se a mente fosse um processador sobrecarregado. Não dá tempo de analisar, não há espaço para pensar. Isso também aumenta a ansiedade, pois você sempre tem a impressão de estar desatualizado e perdendo alguma coisa. Também aumenta as dúvidas, pois quanto mais se expõe a informações, mais decisões precisa tomar. Algumas informações conflitam com outras, e, com a capacidade analítica mais baixa, você não tem ferramentas para analisar o que faz sentido e o que não faz. Se as dúvidas estão em alta, a ansiedade vai aumentar ainda mais. E a pessoa entra em uma bola de neve que, como toda boa bola de neve, só vai aumentando, aumentando, aumentando…  O psicólogo britânico David Lewis chama isso de “Síndrome da Fadiga Informativa”.

Paradoxalmente, o excesso de informações nos torna mais superficiais. Sem ter como processar tantos dados, não analisamos quase nada e aqueles estímulos, em vez de nos ajudar, causam curtos-circuitos. A única maneira de não entrar nessa loucura é saber selecionar o que vai entrar na sua mente e o que vai tomar o seu tempo, com base na resposta a uma pergunta muito pessoal: “o que eu quero para a minha vida?”. O problema é que não é possível fazer esse tipo de análise com um monte de entulhos emaranhados em sua cabeça. A melhor maneira de parar com essa loucura alimentada por emoções, sensações e instintos é usar seu poder de decisão e…parar com essa loucura! Aí você vai descobrir que era meio que viciado no negócio todo e pode ter sérias crises de abstinência. Portanto, melhor do que cortar completamente algo que fazia parte integrante de todas as horas, minutos e segundos de sua vida é substituir esses velhos hábitos por novos hábitos. E essa é a proposta do jejum que eu faço de tempos em tempos. Na primeira vez, fiz sozinha. Da segunda vez, aproveitei o  surgimento do primeiro Jejum de Daniel, fazendo algo mais consciente. Desde então, acho que já foram umas oito vezes nos últimos quatro anos. É um período Detox mental.

Como toda a nossa sociedade foca excessivamente nos estímulos emocionais e físicos, durante 21 dias nos focamos em estímulos espirituais, ou seja, a parte mais trabalhada é a mente. Por isso o Jejum de Daniel é muito mais eficiente do que um jejum de informações genérico. A ideia não é apenas cortar o excesso de informações, porque se você não fortalecer seu espírito, quando acabar o jejum não vai conseguir se controlar para usar as fontes de informação; voltará a ser usado por elas.

No Jejum de Daniel não nos abstemos de informações. Nos abstemos apenas das informações seculares, isto é, das informações que não tenham conteúdo cristão. Livros com conteúdo espiritual cristão, filmes cristãos, blogs e vídeos com essa mesma filosofia são “liberados” nessa dieta de 21 dias. Como a oferta desse conteúdo é bem menor, conseguimos tempo e paz de espírito para analisar o que estamos consumindo. Será que esse livro cristão é realmente cristão? O que esse filme está querendo ensinar realmente faz sentido? Perguntas que não nos fazíamos antes começam a ser introduzidas ao nosso dia a dia.

Incluímos alguns tipos de meditação em nossa rotina: fazemos orações sinceras e orgânicas (não religiosas) a Deus, meditamos em trechos bíblicos, buscamos o preenchimento interior com o Espírito Santo por meio de orações e de reuniões especiais. Cremos que, ao nos encher do Espírito de Deus, teremos autocontrole, teremos mais amor pelos outros, nos aproximaremos de Deus e poderemos ajudar outras pessoas que hoje estão sofrendo. Se a maioria da população tivesse os padrões de pensamento de Deus e visse as pessoas como Ele vê, teríamos um mundo mais justo e menos hipócrita. Com certeza, teríamos muito menos religiosos sendo reverenciados, e muito mais excluídos sendo ajudados.

Outra coisa, não adianta passar 21 dias lendo a Bíblia e se juntar aos colegas no intervalo para fofocar e falar abobrinha. O Jejum é um período em que você alimenta o seu relacionamento com Deus, logo, deve evitar conversas fúteis, que nada têm a ver com Ele. Alguém já imaginou Jesus de fofoquinha nos corredores da empresa ou falando do colega de forma maldosa? Se isso faz parte de sua rotina, aproveite para desintoxicar disso também. São péssimos hábitos, aparentemente “inocentes”, mas que fazem mal a quem pratica.

Por tudo isso que expliquei, o Jejum é, também, um período para você aprimorar sua capacidade analítica atrofiada. Temos algumas ideias básicas sobre o que é o Jejum e como fazê-lo (clique aqui, se passou batido pelo link para a página que explica tudo), mas você vai usar as informações sobre qual é o objetivo do Jejum para, com bom senso, saber o que deve ou não fazer. No começo, você pode se sentir meio perdido e sem saber o que fazer, como se um buraco tivesse sido aberto em sua rotina. Também pode se sentir um ET por não jogar os joguinhos que todo mundo está jogando, por não ver TV quando todo mundo está vendo ou por não ter as conversas diárias que costumava ter no Whatsapp, Facebook e outros comunicadores (algumas pessoas podem até cobrar ou se indignar, como se fossem donas do seu tempo). Mas essa sensação de “etezice” também é importante. Se desconectar deste mundo por um período é absolutamente necessário para conseguir o distanciamento que você precisa ter caso queira aprender uma forma de viver por conta própria, diminuindo a influência da mídia, da propaganda e do espírito deste mundo.

Tudo é uma questão do que você quer para a sua vida. Há algum tempo eu fiz uma escolha. Optei por ser útil, por ser diferente, por quebrar o ciclo destrutivo na minha vida. Por ser feliz em um mundo de infelizes; por ser alegre em um mundo de tristeza; por ser cor em um mundo cinza; por ser luz em um mundo escuro; por ser completa em um mundo vazio; por ter certezas em um mar de dúvidas; por doar em um mundo de tomadores; por me desenvolver em um mundo de estagnação espiritual. Optei por nadar contra a corrente, por ver possibilidades em um mundo de impossibilidades. Optei por tomar a pílula vermelha que me permitiria conhecer a verdade e entender o mundo além da máscara que ele usa. Não é fácil. Não é lá muito confortável. Mas é a porta para sair dessa loucura e retomar algum controle sobre o nosso futuro – não apenas neste mundo, eu creio.

 

PS: Eu irei escrever no blog durante esses 21 dias, falando sobre a experiência do Jejum (para ninguém achar que todos os participantes ficam pisando em nuvens e ouvindo coros celestiais enquanto só você enfrenta dificuldades nesse período) e as coisas que – tenho certeza – vou aprender e passar a vocês. Serão 21 dias de conteúdo analítico sob o ponto de vista de uma mente cristã. E pretendo fazer as resenhas de livros bíblicos que muita gente me pediu para continuar fazendo. Provavelmente os posts não serão tão longos quanto este, porque meu tempo está beeeem reduzido, mas farei o melhor para ter neste blog um conteúdo útil para ajudar a todos nós.

 

 

Vencedores pensam assim

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Quando as coisas começam a ficar meio malucas e aceleradas, minha tendência é entrar na conchinha para me focar o máximo possível naquilo que eu preciso terminar. E eu estou sempre precisando terminar alguma coisa, como todo mundo, aliás. Porque quando você termina alguma coisa, começa outra coisa que precisa terminar. E a vida é uma sequência de começos que precisamos terminar e de términos seguidos de novos começos. Ainda que sejam de etapas.

Quando tem algo grande para desenvolver, a melhor maneira de conseguir é dividir em etapas menores e ir matando uma a uma, como naqueles joguinhos de videogame de antigamente, em que você tinha que matar o chefe para passar de fase. Não sei se ainda existem joguinhos assim, mas na época em que a pequena (nem tão pequena) Vanessa jogava Sonic e Mario Bros era assim. Cada fase era mais difícil, mas como você tinha passado a fase anterior, já estava mais preparado para a próxima fase.

Primeiro, era um parto conseguir chegar na metade da fase. Depois de muito morrer, acabava conseguindo passar e chegar até o final. Você chegava perto do chefe da fase e, da primeira vez, ele o matava no primeiro golpe. Na segunda tentativa, você até conseguia dar alguns golpezinhos antes de morrer. Aí já era moleza chegar até o chefe. Você não dava bola para os percalços do caminho e as coisas que faziam você morrer no começo, já não eram nem um pouco ameaçadoras, porque estava obcecado em chegar no bendito chefe e matá-lo para passar de fase.

Quando se dá conta de que os problemas na sua vida são as coisinhas que tentam fazê-lo parar no meio do caminho e que aquele comportamento ou hábito complicado ou aquela dificuldade da qual você quer se livrar são os chefes que precisa matar para passar de fase, percebe que desistir não é opção. Dizer “é o meu jeito” não é opção. Pensar que é impossível também não é opção. A única opção que existe é seguir em frente e persistir até conseguir.

Eu tenho o agravante da paciência limitada. Não me entenda mal, sou uma pessoa até bastante paciente com coisas sob as quais eu não tenho nenhum controle. Minha impaciência é sobre coisas que eu posso controlar. Se a minha mudança depende de mim, eu sinceramente não tenho saco para ficar lidando com o problema e sofrendo por causa de algo que sei que posso mudar. Então, decido mudar e fico brigando comigo mesma até a mudança se tornar parte de mim. Dou soquinhos infinitos no chefe da fase até destruí-lo e passar de fase.

E esse jogo a gente só ganha quando a vida acaba, literalmente. O vencedor é aquele que vence até a última batalha. É o que se mantém firme até o fim. Manter a sua salvação depende desse aprimoramento constante, dessa vigilância constante. Não dá para deitar em berço esplêndido e esperar que “a graça de Deus” faça o trabalho que deve ser feito por você. Pensar que as coisas podem acontecer sem que façamos o esforço necessário é perder completamente a noção do que estamos fazendo neste mundo.

Ainda fazendo analogia com jogos, se lembra de “O Aprendiz”? Dois grupos de pessoas eram colocados no jogo e tinham que executar determinadas tarefas em uma empresa fictícia, simulando o trabalho em equipe que teriam de fazer na vida real. Antes das tarefas, o discurso dos participantes dava a entender que eles sabiam exatamente o que fazer, eram pessoas esforçadas e colaborativas. Porém, durante a execução das tarefas, as atitudes daquelas pessoas mostravam quem elas eram de verdade, como realmente pensavam e o que realmente queriam. Na sala de reuniões, a análise dos conselheiros e do CEO (Donald Trump ou Roberto Justus, dependendo da versão a que você assistiu) era sempre em cima das atitudes tomadas, e não das palavras ou das intenções. No final das contas, os vencedores não são realmente escolhidos pelo júri. Eles é que se fazem escolhidos por meio de suas atitudes durante as tarefas.

Na vida, nossas tarefas são diárias. A sua maneira de agir no trabalho, na escola ou em casa, a maneira de ver os outros, a forma de lidar com os desafios, como você reage às situações contrárias…tudo o que você faz, conta. “Os escolhidos de Deus” não são aqueles que estão sentados todo domingo nos bancos das igrejas. “Os escolhidos de Deus” não são aqueles que brigam com ateus, com homossexuais, com corruptos ou com “hereges”. Os escolhidos de Deus são aqueles que se fazem escolhidos por meio de atitudes de obediência às regras do jogo, sempre ligados no fato de que tudo o que fazem está contando, mesmo quando ninguém vê. Aliás, principalmente quando ninguém vê.

É por isso que Paulo diz que não corre sem meta. É por isso que ele diz que não luta desferindo golpes no ar. Ele sabia muito bem o que queria acertar. Ele tinha noção do que estava fazendo neste mundo. É por isso, também, que ele diz: “correi de tal maneira que alcanceis”. Não corra de qualquer maneira a maratona da sua vida. Corra da maneira que leve você a alcançar a sua meta. Corra com o cérebro ligado e com o coração em volume baixo. Corra, tendo em mente que mais importante do que ganhar uma discussão ou do que saber o que as pessoas estão falando a seu respeito, é desenvolver o seu caráter para que as suas atitudes levem você até o Alvo. É a única maneira de garantir o resultado que você deseja. É a única maneira de vencer.

 

 

PS: As resenhas de livro vão voltar aqui no blog, inclusive a seção “Livros que não são o que parecem”. Peguei um dia desses que está quase ganhando o troféu “Livros que não são o que parecem”, pois além do conteúdo ser muito prejudicial, o livro engana muito, pois algumas coisas parecem fazer sentido e ele não é mal escrito. Um dos piores, até agora. Só preciso conseguir terminar de ler e dou meu veredicto. 🙂 As resenhas do bem também serão feitas. Tenho vários livros legais que já li e dos quais quero falar. Aguardem. 🙂