Algo que me ajuda muito antes de escrever um texto é ter uma ideia clara do que eu quero que meu leitor entenda ao final da leitura. Trabalhar de trás para frente é uma forma de manter o controle do texto. Para isso, faço um pequeno briefing, um resuminho do que pretendo escrever.

Tendo o resumo em mente, você pode construir todo o texto em torno dele. Claro, o resumo não precisa estar escrito no texto. Ele é algo para o escritor se nortear. Pode ser uma frase ou mesmo um parágrafo inteiro. Pense em como você resumiria oralmente a um amigo a ideia do texto que quer escrever.  Por exemplo, meu post anterior tinha como briefing “Incentivar o leitor a fazer exercícios de redação e a tornar a escrita uma atividade divertida e criativa”. Dessa ideia inicial surgiu toda a argumentação. Depois que escrever, releia o seu texto à luz do briefing. Ele está entregando tudo o que seu briefing prometeu? Por exemplo, se eu não falasse em fazer exercícios de redação e não apoiasse esse argumento com exemplos (autobiográficos, no caso), o meu texto teria fugido do briefing. Se fosse uma redação, poderia reprovar por fugir do tema. Se fosse um produto, poderia ser processada por propaganda enganosa. 😀

Releia o post anterior tendo esse briefing em mente e verá que ele é a coluna vertebral que une todos os parágrafos. É o que se chama de “fio condutor”. Se não está apoiando o “incentivar o leitor a fazer exercícios de redação” está apoiando o “incentivar o leitor a tornar a escrita uma atividade divertida e criativa”.

No início, é importante colocar isso por escrito. Mais para frente, pode ser que você nem precise escrever, o briefing estará em sua cabeça. Ou talvez você, como eu, goste de registrar as primeiras ideias, o que o levou a escrever aquele texto. Ainda que o briefing esteja na minha cabeça, gosto de deixá-lo perto do texto. Até porque, se algo acontecer e eu precisar me afastar do computador e tiver que voltar a escrever só daqui a dois dias ou mais, não vou querer confiar na minha memória para me lembrar por que raios comecei a escrever aquele negócio.

 Vai por mim, ideias são coisinhas escorregadias como lagartixas. Ou como minhocas. Ou como coisinhas igualmente gosmentas que escapam de mãos molhadas. E são traiçoeiras. Elas fingem que vão ficar com você até o fim da vida e que será impossível esquecê-las, mas quando você menos espera…desaparecem sem deixar vestígios. E deixam apenas aquela sensação de que aquele parágrafo meio escrito não faz sentido algum. Previna-se: anote tudo. Tudo. O papel (ou o documento do word) é extensão da sua memória.

  

PS: Isso também funciona para ficção. Escreva a ideia principal de cada capítulo e o que você quer que aconteça neles. Depois, é só fazer acontecer. 🙂

PS2: Eu sei, você achava que a inspiração simplesmente vinha e o escritor fazia aquela “escrita mediúnica”, escrevendo tudo de uma sentada só… 

PS3: Eu gosto de lagartixas.