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Toda mudança da mente vem em etapas e você monta o quebra-cabeça aos poucos, à medida que descobre o que fazer e como fazer. Vou usar uma frase que aprendi lendo A Mulher V: Não é fácil, mas é perfeitamente praticável.

Funciona da seguinte forma:

Etapa 1: você está lá, infeliz e rastejante, completamente ignorante (no sentido de “aquele que desconhece ou ignora algo”), sem saber o que está errado. Você está no modo automático-emotivo. Seus pensamentos são quase todos baseados em sentimentos e você vive no modo reativo.

Nessa fase, é fácil o gremlin tomar o comando dos pensamentos (e, consequentemente, da vida) da pessoa. Ao dirigir sua forma de pensar, ele dirige suas emoções e sua vida. E, com a mente sequestrada, talvez você nem perceba a extensão do dano. A primeira ruptura acontece quando descobre que a realidade depende de como a gente vê. Você pode mudar a sua realidade ao mudar a forma de pensar.

Etapa 2: descobre que precisa mudar e até aprende o que fazer, mas, no começo, parece que não vai conseguir. Mesmo quando se esforça, precisa ficar se lembrando o que fazer toda hora, pois ainda não é natural. Sua forma distorcida de pensar ainda parece que é a realidade e o gremlin tenta convencê-lo de que está se enganando.

Parece que aquela forma de pensar é sua, que você viveu assim todos esses seus 845 anos de vida e nunca vai mudar. (Consigo até ver o gremlin esperneando e gritando isso no seu ouvido, apavorado com a possibilidade de você descobrir que consegue, sim, mudar seu padrão de pensamento e acabar com a festa dele.)

Esse é o momento ideal para o gremlin convencê-lo a desistir. Na verdade, essa é a última oportunidade que ele tem de fazer isso e levá-lo a pensar como antes. Porque perto do final dessa fase, você toma a pílula vermelha e, definitivamente, sai da matrix.

Teimosamente (teimoso no sentido de “aquele que insiste, que não desiste facilmente”), decide duvidar do pensamento dramático: “Como assim nunca vou conseguir? Só vou descobrir se nunca vou conseguir se eu nunca desistir”. E continua até a…

Terceira etapa: quando começa a abrir os olhos e identificar os pensamentos do gremlin com cada vez mais facilidade à medida que o tempo passa. E isso tem uma razão lógica: como estava em uma dieta de dramalhão mexicano em doses cavalares diárias, seu paladar detector de drama estava saturado.

É como comer um monte de açúcar ou um monte de sal, você nem percebe quão doces ou salgadas as coisas realmente são, seus sensores estão todos esculhambados. Pode levar um tempinho até a sensibilidade ao drama voltar a níveis saudáveis. Você está se desintoxicando de comida de gremlin.

Conforme for se habituando a identificar os pensamentos negativos e substituí-los por uma forma mais inteligente de pensar (vamos ajudá-lo nisso), você fortalece sua mente e coloca suas emoções no lugar delas —um espaço bem mais limitado do que estão acostumadas a ocupar. O gremlin, nessa fase, perde força.  

Quarta etapa: a nova forma de pensar definitivamente substitui a antiga e se torna natural. Você não precisa mais pensar em todos os passos, já está habituado a eles. Terminou sua desintoxicação e agora é só exercitar os músculos que desenvolveu.

Nessa fase, o gremlin já está morrendo de inanição porque você não o alimenta mais. O mundo está diferente, a vida está mais leve e você quase não reconhece a pessoa que era há tão pouco tempo — e não tem a menor saudade dela. E começa a ver diante de si inúmeras oportunidades que não via antes. Essa é uma vida bem mais colorida e você percebe que o sacrifício valeu a pena.

Estamos em um propósito intensivo para a renovação da mente. E, nesse processo, é preciso estar consciente dessas etapas para evitar ser enganado com a conversa-padrão do gremlin e sua lógica furada de “está muito difícil, logo, não vou conseguir” (como se a sensação de dificuldade fosse prova de que não vai dar certo…se as coisas fossem assim, ainda viveríamos em cavernas…). Você vai ter que fazer um esforço, sim, e talvez por mais tempo do que gostaria, mas  garanto que, no final, vai dar graças a Deus por ter insistido.

 

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PS: O Jejum de Daniel acabou, mas os posts vão continuar. 🙂 E ele meio que nem acabou muito para mim, já que hoje fiquei longe de notícias seculares, descobri que não me fazem falta. Cheguei à conclusão de que o noticiário parece aquelas novelas que os autores esticam para render. Se assistir a um telejornal ou ler as notícias de um portal de notícias uma vez por semana, vai perceber que é mais que suficiente.