Dia: 9 de março de 2017

Intolerância à negatividade

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Nos próximos posts vamos analisar algumas das principais “características literárias” dos roteiros que o gremlin escreve na cabeça das pessoas. Mas é importante que, além de conseguir identificar a voz do gremlin, ela se torne repugnante para você. Não pode mais ser algo tolerável. Vá se treinando a rejeitá-la como rejeitaria uma comida estragada, apodrecida ou algo que lhe fizesse muito mal.

Seja exagerado nesse início. Não tem problema ir para o extremo oposto, depois será mais fácil encontrar o equilíbrio. Faça de conta que desenvolveu intolerância a negatividade e drama equivalente à intolerância que um celíaco tem ao glúten. Aliás, eu vejo muitas semelhanças entre o que o glúten é para um celíaco e o que a negatividade é para uma mente saudável.

A doença celíaca é uma intolerância violenta ao glúten. Alguns celíacos não podem chegar nem perto do glúten que já passam mal. Qualquer farelinho de pão já é suficiente para desencadear uma crise. Muitos vivem anos passando mal sem saber por que (não sei se reparou, mas nossa dieta está cheia de glúten) e quando, enfim, descobrem, a mudança de dieta é radical, mas é a única maneira de terem uma vida normal.

Mal comparando, a intolerância que você desenvolveu à negatividade e ao drama é altíssima, como celíacos com o glúten. Os sintomas dessa intolerância são fáceis de perceber no dia a dia. Você está intoxicado, exausto, tudo parece difícil e pesado. É difícil acreditar que as coisas irão melhorar. Quanto mais negatividade consome, mais difícil e pesado tudo se torna. Reclamar é quase inevitável. O mundo parece cinza, exige um esforço quase sobrenatural manter o ânimo, o entusiasmo, a esperança.

Agora que começou a nova dieta anti-gremlin, está se desintoxicando. Não é da noite para o dia, mas aos poucos você vai perceber a vida ficando mais leve. Porque as coisas podem ser complicadas e difíceis do lado de fora, mas não precisam ser assim do lado de dentro. Por dentro, pode ser leve. Pode e deve ser leve, afinal de contas, a proposta era justamente trocar um fardo pesado pelo leve, não é mesmo?

 

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*Para quem está chegando agora: “gremlin” é como chamo os monstrinhos invisíveis que imagino sentados em nossos ombros sugerindo pensamentos negativos. Eu os imagino com aquela cara dos monstrinhos do filme Gremlins, principalmente para não querer um troço desses no meu ombro. 

 Se quiser entender melhor a referência, leia esses dois posts do Jejum de Daniel:

Dando crédito à voz do gremlin

O estado de drama e as lentes verdes do gremlin

O verdadeiro tesouro de Deus

Imagem: dois léptons da época de Cristo, como as pequenas moedas da viúva. Fonte: CNG Coins

Texto: Davison Lampert

Há cerca de dois mil anos, na Judeia, havia uma mulher que, aos olhos de todos, não possuía muito valor. Era uma viúva, sem recursos financeiros, provavelmente sem família, que dependia da generosidade alheia para sobreviver. Na escala social, ela estava lá embaixo, junto aos excluídos e desamparados.

Certo dia ela se dirigiu ao lindo Templo erguido ao Senhor, na cidade de Jerusalém. Despercebida na multidão, subiu as escadarias, entrou no grande átrio e se dirigiu à arca do tesouro. Ali, entre pessoas ricas e importantes, depositou sua oferta a Deus. Oferta insignificante aos olhos dos que presenciavam a cena — somente duas pequenas moedas de pouco valor —, mas que era tudo o que possuía e o que lhe garantiria um pouco de comida para passar o dia, se muito.

O que ela não poderia imaginar é que ao seu lado estava o próprio Senhor, a quem tanto amava e desejava honrar. O Senhor Jesus a observava calado, maravilhado com seu gesto de entrega, confiança e amor. Ela estava Lhe entregando todo o seu sustento. Aquelas duas moedas representavam a sua própria vida perante Deus. Como uma criança que confia inteiramente em seu pai, ela se atirava em Seus braços, sem medo de nada, sem questionar o seu futuro, sem dar importância ao que sua situação precária lhe dizia. Ela desejava somente declarar a Deus que Ele estava em primeiro lugar, que não havia coisa alguma neste mundo maior ou mais importante do que Ele, nem mesmo a sua própria existência. Ela colocou sua vida naquela arca e se tornou o próprio tesouro de Deus; ela entregou o perfeito sacrifício.

A reação imediata do Senhor Jesus foi a de honrá-la na frente de todos. Era a Sua única opção, não havia como agir de outra forma. Ela não Lhe deixou outra escolha. Na sua pobreza, ela deu muito mais para Deus do que as grandes somas em dinheiro que os outros depositavam. Aqueles davam a Deus do que lhes sobrava, do que não lhes faria diferença, do resto. Embora fossem altas as quantias, suas ofertas diziam para Deus que não confiavam nEle. Mas a oferta da viúva provou que ela confiava. Duvido que ela tenha continuado na pobreza ou em necessidade depois daquilo, porque o Senhor Jesus não poderia ignorar um sacrifício como aquele. Ele a exaltou na frente dos Seus discípulos e com certeza continuou a ampará-la depois, conforme a Sua promessa de honrar aqueles que O honram.

A oferta da viúva, embora ínfima em termos materiais, chamou muito a atenção de Deus, porque Ele não estava ali esperando receber dinheiro, mas a vida daquelas pessoas. A verdadeira riqueza não é o valor financeiro da oferta, mas o que aquela oferta representa. A oferta dos outros representava muito pouco, ou mesmo nada, para Deus. Era dinheiro, e dinheiro não tem valor. Já a viúva mostrou que seu coração não estava naquilo que possuía. Por mais necessitada que estivesse, seu coração estava em Deus, no Altar.

Este é o Espírito da Universal, de entrega total a Deus. Espírito que nos move a colocar nossa dependência e esperança nEle, sem olhar para os lados, sem prestar atenção às circunstâncias, sem dar ouvidos à voz do mundo — pois o mundo odeia o verdadeiro sacrifício —, sem jamais nos enxergarmos como vítimas das situações. E da mesma forma como o Senhor se alegrou e honrou a viúva pobre, Ele, perante todos, se alegrará e honrará aqueles que verdadeiramente O colocarem acima de tudo, como primeiro em suas vidas.

Por: Davison Lampert.