Mês: fevereiro 2018

Sobre conhecer alguém

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O post de ontem falava sobre querer conhecer a Deus. E eu dei um exemplo do que não é querer conhecer alguém rs. Mas como a gente faz para conhecer uma pessoa? Eu soube da existência do Davison pela internet (não recomendo isso hoje em dia porque a internet hoje é uma bagunça; naquele tempo tinha só meia dúzia de nerds rs). Ele tinha um blog sobre o qual eu só tinha ouvido falar, até que resolvi entrar e gostei muito do que li. Era um blog de humor, assinado por um personagem que ele desenhava. Ninguém sabia quem era o escritor por trás do personagem, mas eu gostava do estilo e, apesar da curiosidade, não fazia questão de saber quem era aquela pessoa. E voltava lá, todos os dias, para ler.

É assim que acontece com muitas pessoas. Sabem que Deus existe, ouvem falar dEle, leem a respeito, acham legal, mas não têm mais do que uma curiosidade em conhecê-Lo. Mas isso pode evoluir para uma próxima etapa, como aconteceu comigo. Comecei a deixar comentários no blog e ele passou a gostar do que lia, também. Eu externava minhas opiniões a respeito do que ele escrevia. Um dia, ele disponibilizou no blog um endereço de e-mail para quem quisesse escrever para o personagem. Eu escrevi um e-mail elogiando a inteligência do criador do personagem, tentando conversar com a pessoa que estava escrevendo aquelas coisas. Ele me respondeu, mas com a linguagem do personagem…não revelou nada sobre si mesmo.

Quando você começa a se interessar mais por Deus e aprende a orar, às vezes não percebe resposta imediata. Ou a resposta até vem, mas Ele não se revela ainda a você (muito provavelmente porque você nem entenderia). Eu poderia ter pensado “ele não quer saber de mim. Mas é claro! Não estou no nível dele” e decidido nunca mais escrever para ele ou ler seu blog. Mas não tirei nenhuma conclusão precipitada daquela resposta.

Não continuei aquela conversa, mas continuei interessada no que ele dizia no blog. Os textos bem-humorados faziam uma crítica à sociedade, ao modo estranho de as pessoas viverem hoje, o que combinava com meu modo alienígena de pensar. O modo de ele enxergar o mundo era parecido com o meu em alguns aspectos, mas muito melhor em outros. Eu queria aprender mais, enxergar como ele enxergava, queria conhecê-lo melhor.

É assim quando a pessoa se interessa, de fato, em conhecer a Deus e passa a prestar atenção ao que lê na Bíblia e ao que ouve falar dEle. Percebe o quanto o modo de Ele ver as coisas é melhor do que o dela e quer conhecê-Lo melhor.

Certa vez, ele avisou que ficaria dez dias longe do blog. Nós, os leitores, já estávamos acostumados a ler seus posts diariamente. Continuamos entrando todos os dias, conversando entre nós, fazendo contagem regressiva para o dia em que ele voltaria. Até que se passaram dez dias…e nada. Onze dias…e nada. Doze dias…todo mundo já histérico, e ele, para nos acalmar, colocou uma mensagem de voz, interpretando o personagem, como o bom dublador que é. Quando ouvi aquela voz suave e bem modulada pela primeira vez, meu coração disparou! Ali eu entendi que havia uma pessoa por trás daquelas palavras de que eu gostava tanto. E eu queria conhecê-lo mais! Escrevi um e-mail elogiando a mensagem de voz. Eu fazia teatro e gostava tanto de boas interpretações quanto de bons textos, então expressei toda a minha admiração. Até o momento, não tinha percebido em mim nenhum interesse amoroso por ele, eu só queria conhecer aquela pessoa.

Então, ele me respondeu. Agora não mais como o personagem, mas como ele mesmo. Me passou o número do ICQ (o whatsapp da época rs) e começamos a conversar. Conversávamos todos os dias. Eu queria saber como ele era, então fazia perguntas e o deixava responder. Eu ouvia. Queria saber quais eram seus interesses, do que ele gostava, do que não gostava, como pensava, quais eram suas opiniões sobre as coisas e seus objetivos para o futuro. Eu passava o dia pensando no horário em que iria conversar com ele. Como meu computador não tinha microfone (era 2003, tá?), na maioria das vezes nossas conversas eram por texto. Eu queria ler o que ele dizia sobre si mesmo. Queria conhecer mais aquela pessoa tão fantástica à qual eu agora tinha acesso. Ele parecia mais inteligente do que eu, era cristão, era humilde, mas autoconfiante. Quando percebi que ele realmente era a pessoa que dizia ser, decidi: é com essa pessoa que eu quero passar o resto da minha vida.

Levou pouco mais de um mês para eu desconfiar que aquela amizade estava virando um namoro e três meses para que nos conhecêssemos pessoalmente. Quatro meses depois de conhecê-lo, larguei a faculdade e minha família e fui morar mais perto dele. Cheguei dia 23 de dezembro, ficamos noivos em maio e nos casamos em junho. Eu abri mão da minha vida porque conheci alguém muito mais importante do que todos os meus planos. Não sabia se iria conseguir terminar a faculdade, se iria conseguir um emprego. Senti muita falta da minha sobrinha, a quem eu era muito ligada, da minha mãe e do meu gato de 13 anos. O mais difícil foi deixá-los para trás. Mas eu tinha conhecido alguém com quem eu deveria passar a minha vida — eu tinha convicção disso.

E é assim que a gente age com uma pessoa a quem realmente quer conhecer: há um interesse sincero em saber quem a pessoa é. E, conforme ela fala de si mesma, nós não duvidamos do que ela diz. É claro que, sem saber se o Davison era quem ele dizia ser, fiz várias perguntas, ele me disse onde trabalhava, passou o endereço da própria casa (o doido), eu pesquisei, descobri que ele trabalhava mesmo naquela empresa, tinha se formado no que dizia ter se formado e enviei uma carta para a casa dele, sem avisar. Quando ele me mandou mensagem, todo feliz pela carta, eu tive a confirmação de que ele não tinha mentido a respeito do endereço onde morava. Mas quando você sabe que a pessoa que você quer conhecer não mente, não há por que duvidar. Se Ele diz que é misericordioso, Ele é misericordioso. Se Ele diz que perdoa aquele que se arrepende, Ele perdoa aquele que se arrepende. Se Ele diz que aceita quem chega até Ele, Ele aceita quem chega até Ele.

Entenda uma coisa: o selo do Espírito Santo é um selo. É uma marca de que aquela pessoa é filha dEle. É como a aliança que o Davison me deu. Ele me deu a aliança quando eu entreguei minha vida a ele. Mas e se eu estivesse em um relacionamento conturbado com ele, sabendo o que ele diz sobre si mesmo, convivendo e conhecendo um pouco melhor, mas sem acreditar no que ele diz, dando ouvidos a pessoas cujo único objetivo fosse nos separar? Como poderia receber alguma aliança sem acreditar nele? Porém, no momento em que eu decidisse deixar de ouvir essas pessoas e tivesse uma conversa séria com meu noivo, renovando meu compromisso com ele, pedindo perdão por tê-lo chamado de mentiroso, e me comprometendo a nunca mais dar ouvidos a palavras falsas, com certeza poderia receber essa Aliança.

Talvez o que lhe falte seja conhecer a Deus. Ou talvez o que lhe falte seja dar crédito ao que Ele diz e deixar de dar crédito ao que o detrator diz.

Você não está buscando uma “coisa” de Deus. E não pode fazer coisa nenhuma para comprar o que Ele tem para dar. Pare de pensar em “coisa”. O convite que Deus faz é por quem Ele é, não por quem você é. Ele vê você através dos olhos puros e bons que Ele tem. Ele quer você porque Ele é bom. E o perdão dEle não tem fim. A aceitação, também não. É isso o que eu quero dizer quando falo em buscar a Deus com leveza. É aceitar o convite dEle, parar de ouvir quem não merece ser ouvido e se aproximar dEle por quem Ele é.

O Espírito Santo não é um broche, um reconhecimento, uma coisa que vai transformar você em alguém querido por Deus. Não importa a situação em que você esteja, você já é querido por Deus. E se você decidiu segui-Lo, abandonou o erro e quer ser dEle, Ele já aceitou você. Continue andando com Ele e expressando a Ele a sua admiração. O Espírito Santo virá, não importa se hoje, amanhã ou depois, mas Ele certamente virá. 

“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a Sua saída, como a alva, é certa; e Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.”
Oséias 6.3

#JejumdeDaniel

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Estamos em uma jornada de 21 dias de jejum de informações e entretenimento chamado Jejum de Daniel, de 25 de janeiro a 14 de fevereiro. Durante esses dias, os posts no blog serão voltados exclusivamente para o crescimento espiritual. Leia este post para entender melhor.

** Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .

Entenda isso se ainda não recebeu o Espírito Santo

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Recebi algumas mensagens com teor semelhante. Leitoras desanimadas com o Jejum de Daniel porque ele já está terminando e elas ainda não receberam o Espírito Santo. Já vimos relatos de participantes que foram batizados com o Espírito Santo no último dia. Mas essas leitoras me disseram que já esperam sair tristes na quarta-feira (isso é usar a fé na palavra do diabo!). Ouvem o discurso do diabo e o escrevem, achando que estão expondo seus próprios pensamentos.

Acho que existe um demônio especializado em últimos dias do Jejum de Daniel, porque o discurso é sempre o mesmo. Ele diz que, se você não recebeu até agora, não vai receber nunca mais, que quarta será um dia horrível porque todo mundo vai sair feliz e você estará triste e vazio, que você não fez tal coisa (evangelização, oferta, sacrifício, oração, jejum, etc.) e que, por isso, não vai receber o Espírito Santo. As acusações vêm de todos os lados e você não percebe que o erro está, principalmente, em dar crédito a elas.

Tenho a impressão de que a raiz desse problema está em (ainda que inconscientemente) ver o batismo com o Espírito Santo como uma coisa que Deus pode dar. Como um distintivo. E o selo se torna um objeto que Deus está segurando na mão e que tem o poder de fazer tudo dar certo na sua vida e lhe dar a vida que você tanto quer. Então, você busca. Com todas as suas forças, você busca aquele selo. Você tem sede daquela coisa, de verdade. Sente que tem um vazio dentro de você e quer preenchê-lo. “Derrama essa coisa dentro de mim logo, Deus!”

Todo mundo buscando, todo mundo recebendo, um monte de testemunhos…e é como se você estivesse em um shopping no natal, papai noel distribuindo pirulito para todas as crianças, olha para você com os bracinhos estendidos, mas deliberadamente não lhe dá, porque você não foi uma criança boazinha. “Mas eu não fiz nada! Eu não faço nada de errado!” E lá vai o diabo na sua cabeça, tentando escavar alguma acusação para encher sua mente e trazer dúvidas. “Ah, mas você não merece porque fez x ou y.” E você fica pensando “puxa, é… eu fiz x ou y…não mereço nada…me chicoteia, papai noel!”.

Seria bom entender exatamente o que você tem feito, para começar a fazer direito. Primeiro, o Espírito Santo não é um distintivo, Ele é uma pessoa. É como se chegasse uma pessoa nova na sua casa; alguém a quem você garante querer conhecer. Quando esse seu convidado chega, você já começa a perguntar:

— Você é rico? Você trouxe dinheiro com você? Me dá esse broche de ouro para eu pendurar na minha blusa?

Você não deixa o convidado responder, nem dizer coisa alguma. O interesse está no que ele pode dar, não em quem ele é. E — pior — abre a porta para um ladrão que odeia o seu convidado e começa a ouvir o que ele tem a dizer a respeito do seu convidado. O ladrão diz:

— Ah, ele não está nem aí para você. Por que ele vai olhar para você? Uma criatura tão desprezível, que não serve para nada e nunca vai ter nada de bom na vida. Ele não vai vir até você! Você nunca vai ter esse broche.

(E…tipo…o convidado está ali, na sua frente, mas o ladrão diz que ele não vai vir e você acredita…. Oi?) Você acredita, repete e começa a bater o maior papo com o ladrão, enquanto o convidado está ignorado no canto do sofá. Ele está ali, mas nem uma vez você tentou se aproximar e ouvi-lo. De vez em quando, você vira para ele e pede o broche. E você começa a chorar desesperadamente, abraçado ao ladrão, dizendo:

— Eu sei que não vou receber o broche, não estou entendendo por que isso está acontecendo! Eu quero tanto conhecê-lo, mas ele não me responde!

Será mesmo que isso é querer conhecer alguém?

Muito mais importante do que FAZER qualquer coisa para Deus é crer nEle. E a Palavra dEle diz que Ele é misericordioso, que aceita quem vem até Ele, que perdoa quem se arrepende. Essa é a verdade. Ficar antecipando o pior não condiz com o pensamento da fé, é palavra do ladrão. Acreditar nas dúvidas não condiz com o pensamento da fé, é palavra do ladrão.

Em vez de ficar caçando erros em si mesmo e aceitando todas as acusações do ladrão na sua cabeça, a ponto de usá-las como base para agir, busque ter um relacionamento com Deus, acreditando naquilo que Ele diz. Não fique ansioso para receber o batismo com o Espírito Santo, isso vem como consequência. Tenho a impressão de que as pessoas acham que precisam ser batizadas com o Espírito Santo para conseguir ser de Deus, como se fosse uma poção mágica que lhes desse forças para resistir ao diabo.

O Espírito Santo não é uma coisa que a gente recebe para ter condições de ser de Deus. O Espírito Santo é Deus dentro de nós para nos dar condições de permanecer na fé e salvar outras pessoas. É possível se tornar de Deus antes de receber o Espírito Santo, basta se arrepender de seus pecados (ou seja, reconhecer o erro e decidir não errar de novo), entregar sua vida e seus pensamentos para Ele (e, principalmente, o gerador desses pensamentos, que está ligado aos sentimentos) e obedecer. Abraão não era batizado com o Espírito Santo e foi chamado amigo de Deus. Se o batismo com o Espírito Santo fosse necessário para a pessoa SE TORNAR de Deus, Ele não teria tido nenhum amigo antes do batismo estar disponível.

O erro está em acreditar no pensamento que diz que Deus está distante de quem não é batizado com o Espírito Santo. Ele não está distante de quem O busca, isso iria contra a Palavra dEle e, logo, é uma mentira. Sendo uma mentira, é palavra do diabo. Favor reconhecer e jogar no lixo tudo aquilo que é palavra do diabo. Deus está perto de todos os que O invocam em verdade. Então, a luta do diabo é fazer você ficar mergulhado na mentira que ele inventa. Assim, você se afasta de Deus e não se permite conhecê-Lo e nascer dEle.

Se a sua consciência acusa você de alguma coisa, peça perdão a Deus e decida nunca mais cometer esse erro. Pronto, está perdoado. Agora, se esforce para andar no Caminho. Mas se a sua consciência não o acusa de nada, se você tem buscado andar corretamente, não fazer a ninguém o que não gostaria que fizessem com você, então a única coisa que Deus pede de você é que pare de dar ouvidos para o diabo e passe a dar ouvidos à voz de Deus. É mais fácil, porque você tem uma única coisa a obedecer:

“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” 

Tiago 4.7  

 

PS. Amanhã pela manhã publico o último post do Jejum, continuação desse assunto, falando sobre como a gente faz quando quer conhecer alguém.

 

#JejumdeDaniel 

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** Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .