Eu estou com ideia fixa em relação a romances. Na verdade, não é bem uma ideia fixa, é uma espécie de revolta. Porque não encontro nada que traga alguma coisa realmente útil ao leitor. Nada que seja, ao mesmo tempo, entretenimento e um bom conselheiro. Por muitos anos eu fui defensora da literatura de entretenimento que é só entretenimento. No entanto, descobri que isso não existe. Se é literatura, não é só entretenimento. Inevitavelmente, ela vai falar alguma coisa para o leitor. Ela vai deixar alguma marca, de qualquer maneira.

O enorme poder dos livros sobre as pessoas já está mais do que provado, divulgado e experimentado. Mas é importante que aqueles que escrevem literatura entendam que além de divertir, devem influenciar. E que, além de influenciar, devem divertir. Uma coisa não pode vir dissociada da outra. Porque o que eu vejo em alguns escritores que têm interesse claro de influenciar positivamente, como os cristãos, é um descaso inexplicável com a qualidade literária. É como se pensassem: “o que importa é a mensagem, então, vamos escrever de qualquer jeito”.

Eu me lembro de ter visto no blog da editora Mundo Cristão (infelizmente o post não existe mais, eu já procurei) um post se lamentando de não haver mercado para romances cristãos no Brasil e dizendo que estavam apostando em dois novos títulos (na época), torcendo para que o público se interessasse. É só raciocinar um pouquinho. Como pode haver mercado para ficção no Brasil e não haver mercado para ficção cristã? Isso non ecziste! Se ficção cristã tiver qualidade (oi, Francine Rivers), vai vender. Se não tiver, não vai vender. Se bem que alguns, mesmo sem qualidade nem literária, nem de conteúdo (oi, Daniel Mastral), vendem.

O livro em que eles apostavam era “Acontece a cada primavera”, de Gary Chapman e Catherine Palmer e a premissa parece muito interessante. Gary Chapman tem um livro chamado “As quatro estações do amor” e a ideia era fazer um romance (depois descobri que era uma série) mostrando, na prática, os ensinamentos do livro de Gary.  Quase como aquele especial da Record baseado no Casamento Blindado. Eu realmente me empolguei com a ideia e comprei o livro, cheia de boas intenções de fazer uma resenha e tal.

Nunca demorei taaaaaaaaanto para ler um romance. Na verdade, não consegui chegar ao fim até hoje. E olha que eu sou a doida que leu “Amor de Redenção” em poucas horas. “Acontece a cada primavera” tem um ritmo extremamente arrastado e faz tudo o que você não deveria fazer ao escrever um livro: uma porção de cenas desnecessárias e diálogos inúteis. Já havia passado da metade do livro e confidenciei ao meu marido:

– Barbaridade, estou lendo esse “Acontece a cada primavera”, que livro mais chato! Já passei da metade e até agora não aconteceu nada! – E ele, sério:

– Decerto ainda não chegou a primavera.

Hahahahaha…esse é o Davison. Eu já deveria saber…rs. Então, um recado às editoras cristãs: um romance não vai vender horrores só porque ele é cristão. Se ele for bom, certamente vai vender bem, sendo cristão ou não. Se ele for chato, vai vender só até os leitores comprarem e perceberem que é chato. E se as editoras cristãs não abrirem os olhos para essa realidade, as editoras seculares, sempre mais espertas, vão aproveitar para investir nesse mercado com bons títulos de autores cristãos. Eu, particularmente, não vejo problema nenhum nisso, desde que bons títulos que tenham boas mensagens e excelente qualidade literária estejam a nosso alcance nas livrarias. Porque eu tenho um sonho, amigos, de poder entrar em uma livraria e encontrar opções para leitores como eu, exigentes no quesito “qualidade” e no quesito “conteúdo”. E sou do tipo que acredita que sonhos podem se tornar reais. 🙂

A propósito, como me perguntaram aqui e no Facebook, vim atualizar o texto: sim, eu resolvi fazer alguma coisa a respeito e já estou escrevendo um romance. Dois, na verdade. Não falo muito sobre isso (embora esteja lá no PS do outro post) porque meu tempo é muito escasso e escrevo nas poucas horas vagas, então eu não faço a menor ideia de quando vou conseguir terminar. Mas vai ser algo que vai interessar tanto a meninas quanto a meninos. Sem cara de “livro de crente”. É fazer pelos outros o que eu gostaria de receber: um livro normal, interessante e saudável. Darei mais informações assim que tiver alguma informação para dar…rs.

 

PS. Caso ainda não tenha lido, clique aqui para ver o que escrevi sobre romances da última vez em que mencionei o assunto, também falando para o público cristão.

4 Comments on Ainda sobre romances

  1. Olá dona Vanessa.
    Sobre romances, estou escrevendo um que não vai contra nossa fé. É uma fantasia épica, como Nárnia e o Senhor dos Aneis, e para mim está ficando ótima! Creio que daria até uma série de TV, mas sou suspeito em falar… Por isso, a sra. conhece alguém da fé que faz leitura crítica desse tipo de literatura?

  2. Oi Vanessa!
    Nossa menina! Reli meu comentário e a impressão que dá é que sou dessas pessoas extremamente violentas. Eu gosto de filmes de ação, aventura, que tenham um romancezinho mesclado, nada meloso demais. Tenho pavor de filmes de faroeste, guerras sangrentas ou terror. Gosto de lutas tipo Van Dame 🙂
    Já qto a livros ta difícil de se encontrar boas histórias por aí.
    Alguém precisa escrever um bom romance cristão com uma msg bem positiva para despertar quem o ler. Bons livros cristãos publicados por editoras cristãs seria um must! Bjiimm e ótimo final de semana

  3. Bom dia Vanessa!
    Concordo com vc que livros sempre trazem uma mensagem, seja ela negativa ou positiva.
    Eu deixei de ler romances, primeiro por não ter paciência para lê-los e segundo pela quantidade de cenas pornográficas que tem nos livros por aí. Os autores apelam para a sexualidade e sensualidade para fazer sucesso e a leitura acaba de tornando pesada demais.
    Eu nunca li um romance cristão. Pode ser que venha a ter interesse em ler algum.
    Não tenho paciência para assistir filmes românticos. Gosto de filmes que tenham uma mensagem interessante ou mesmo um filme de ação e guerra bem movimento. Devo ser de outro mundo pra gostar de filmes violentos kkkkk.
    Bem que vc poderia escrever um romance cristão bem bacana. Que tal? Vc é inteligente, escreve bem, tem senso crítico, poderia escrever um bom livro 😉 não estou brincando não, viu?

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