Estava pensando sobre todas as vezes em que tentamos punir a outra pessoa (marido, mãe, pai, filho, amigo, qualquer pessoa) punindo a nós mesmos. Comecei a me lembrar das vezes em que fiz isso e das vezes em que vi gente fazendo isso e, sinceramente, dá vontade de rir.

Você fica brava por ter sido contrariada, fica com raiva daquela pessoa, por ela ter feito algo que despertasse em você uma sensação ruim, um sentimento negativo, e para se vingar, mantém um comportamento que negativo com ela, para ela aprender! Mas aquele comportamento negativo só te faz ficar com mais raiva, mais contrariada, e alimenta ainda mais a sensação ruim que você não queria ter. Que coisa mais estúpida, não?

Não nos damos conta, no calor da discussão, no calor da situação, no calor das emoções, de que somos nós os únicos responsáveis pelas reações que teremos às atitudes das pessoas. Sim, você quer que a outra pessoa mude a sua atitude, mas não é mantendo a mesma reação negativa que você fará com que ela mude…se fosse assim, teria resolvido outras vezes, não é, mesmo?

Nessas horas, aprendi a ser bem egoísta. Sorry, amiguinho, mas não vou ficar com raiva de você, me recuso a ficar magoada, respiro fundo, racionalizo aquela situação, tento enxergar por outro lado (e se o troço não for tão horrível quanto parece? E se a motivação por trás daquela atitude não foi tão ruim?), até esvaziar a força do problema, vejo o quão ridículo seria dar chilique, e ignoro a atitude ruim da pessoa. Pronto, resolvido. Não alimento mais a coisa, não passo mal com aquele sentimento ruim, não desenvolvo nenhum troço negativo por perto e daqui a pouco nem me lembro mais. Não é mais fácil? Entrego para Deus, Ele tem acesso ao coração da pessoa, não eu. Mas não entrego com raiva, não, porque eu posso estar enxergando errado aquela atitude, e pode ser que tenha em mim atitude bem pior que eu não saiba. Não aponto dedo, não, eu, hein! Mas e aí? E a pessoa vai continuar achando que está certa? Não dá raiva? Não dá vontade de bater na criatura? Tem de haver um jeito de ela enxergar o que fez COMIGO!

Taí o erro. Ela não fez nada contigo, coleguinha. Você fez contigo algo baseando-se na sua interpretação de algo que ela fez. Upa! Eu sempre digo que complico tudo, para deixar mais fácil…hahahahaha…

Mas fala a verdade, não é esquisito? “eu vou ficar triste, brava, infeliz, sofrendo, doente, magoada só para você se sentir culpado e sofrer pelo que fez comigo”. Uai, quem te garante que ele vai sofrer? Você infeliz, triste, sofrendo, doente, magoada e ele todo tranquilo, alegre, saltitante.

Lembrei da história de uma menina que conheci, que namorou um maluco e quando percebeu que ele era maluco, resolveu terminar o namoro. No dia do aniversário dela, o indivíduo deu um tiro na própria cabeça e enviou uma carta (não necessariamente nessa ordem, é óbvio) de despedida, dizendo a ela que o suicídio era um presente de aniversário, pois assim ela teria para sempre a lembrança de que foi ela a culpada pela destruição da vida dele. Não é uma coisa imbecil? Não merece o prêmio Darwin? Por que raios as pessoas acham que perdendo algo de muito importante para ela, estará, automaticamente, atingindo mortalmente a outra pessoa? É muito egocentrismo, não é, não?

A gente perde um bocado de tempo na vida com bobagem, bobagem mesmo. Alimentando monstrinhos da mágoa, da auto-comiseração, se achando vítima de tudo e de todos, perde tempo precioso cultivando coisas negativas e depois reclama que não colhe nada de positivo.

Não tem tempo para isso não, meu amigo, a vida passa depressa, e você é que escolhe o que é realmente importante para você. Se você acha legal se lamentar em torno do próprio umbigo, vá em frente, mas não espere ir muito longe, pois esse caminho é circular. Eu não perco mais tempo alimentando sentimentos ruins, desprezando pessoas, desprezando as coisas boas que aprendi, ou querendo me sacrificar para provar que eu, sim, estava sofrendo…sinceramente, isso me soa tão imbecil, mas tão imbecil que me recuso a agir desta forma novamente.

Acho que me dei conta de que o mundo não gira em torno do meu umbigo de bolinha e que a humanidade não dará a mínima se eu me fizer de vítima. E desde que me dei conta disso, eu te digo, o mundo ficou beeem melhor!!!

Então encontro aquela mãe, inconformada com as escolhas do seu filho, que se descabela, sofre, soooooofre, e faz questão de que todos saibam de seu atroz sofrimento. Não deixa nem mesmo seu filho aprender a lidar com as escolhas que fez e não dá a ele a opção de ser feliz mesmo tendo feito uma escolha diferente do que ela queria para ele. Ela faz questão de, com aquele olhar torturado, fazer com que seu filho perceba, de forma clara, o quanto ela sofre. Ela quer provar que estava certa, então não abre mão de sofrer. O sofrimento comprova que ela estava certa. O sofrimento dela confirma o sofrimento dele. Ela quer que ele sofra, para que ela continue a ter motivos para sofrer. E se ele não sofrer? E se ele até ficar chateado, mas perceber que a escolha pelo sofrimento foi dela, fazer o quê? Então eventualmente ela ficará doente, de tanto sofrer. E daí? O que ela conseguirá mudar com essa atitude? Absolutamente nada.

Mas se ela aceitar que a escolha dele foi aquela, que a vida é dele, que ele é livre, adulto, etc. Se ela começar a torcer para que ele seja feliz e, quem sabe, se ela até ajudar para que o ambiente fique mais leve e a vida dele fique melhor, com certeza o resultado será diferente. Ao menos diferente de qualquer resultado que ela vinha tendo até então.

1 Comment on Vou me matar e a culpa vai ser sua

  1. Como te agradecer por um post tãããão bom? Falou comigo e me ajudou muitíssimo! Tava eu aqui sofrendo por ter que aturar a sogra iinnssuuppoorrttáávveell!!
    Obrigada pela dica! Dicona, hein? kkkk Beijos.

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