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O livro “Morri para viver” (Editora Planeta) conta a história da Andressa Urach, fora da ordem cronológica, dando pinceladas por toda a vida da moça, explicando quem ela foi e por que ela se tornou aquela pessoa. O que ela conta que viveu é a realidade de muitas meninas. Ela resolveu se transformar em femme fatale para encobrir sua insegurança e seu desconforto com o próprio corpo.

A mãe separou do pai e Andressa foi criada em uma família desestruturada. Foi abusada pelo avô de criação e cresceu revoltada e traumatizada. As brigas com a mãe eram constantes, pela imaturidade das duas. Como diz a Bíblia, um abismo chama outro abismo. Em pouco tempo, a menina se envolveu com drogas, com más companhias e depois se afundou nas festas e na prostituição.

Me chamou atenção a forma como ela entrou na prostituição. Não foi de uma hora para outra, mas de uma forma muito gradual, para que ela tivesse a ilusão de que teria algum controle da situação.  É assim que o diabo faz, ele manipula aos poucos, fazendo a pessoa achar que está tendo liberdade, enquanto, na verdade, está sendo induzida e escravizada.

Andressa se tornou escrava. Escrava do mundo, escrava de suas vontades, escrava de seu temperamento, escrava de suas escolhas erradas. Fez dezenas de intervenções estéticas, mudou seu rosto e seu corpo para se tornar um produto melhor. Ela se transformou em um produto. Em um objeto. Todo aquele seu desespero para aparecer era uma estratégia para se manter exposta na vitrine da mídia, como um produto de consumo no mercado da prostituição. A exposição aumentava seu valor de mercado.

Algumas pessoas têm desprezo por mulheres que vendem seu corpo. Eu tenho profunda compaixão. Não consigo acreditar que alguém se sinta feliz ao se posicionar no mundo como um pedaço de carne, como um objeto para ser usado, saindo com desconhecidos, se expondo a perigos absurdos. Principalmente porque ninguém vê essas mulheres como seres humanos com dignidade, ninguém as respeita (nem elas mesmas). Elas são usadas e desprezadas como lixo. São compradas e vendidas. A admiração que recebem também é ilusão. No fundo, ninguém as quer. Podem até querer seus corpos, mas não a elas, de verdade. E, para manter a atenção e o dinheiro, elas aumentam a apelação. E quanto mais apelam, mais são desprezadas e desvalorizadas.

Talvez por isso muitos tenham visto a conversão de Andressa como um escândalo. Na cabeça dessas pessoas, mulheres como a Andressa existem para serem usadas, ridicularizadas e descartadas. Elas são lixo. E, então, Deus mostra que não enxerga essas mulheres como a maioria as enxerga. Deus mostra que elas não são lixo, elas são preciosas. Ele as tira do meio da lama e as transforma em princesas, em filhas do Rei.

Esse é o caráter de Deus. Ele não usa ninguém. Ele as respeita e as reintegra quando clamam por Ele. Ele as quer, de verdade, por quem são, sem se importar com o que já foram.

O livro da Andressa Urach escancarou a realidade do “mundo dos famosos”, do jornalismo de celebridades e de grande parte da indústria do entretenimento: há uma grande vitrine. O jornalismo faz cafetinagem sem saber (sem saber? Será?) e muitas meninas estão sendo atraídas pelos holofotes sem saber que estão caminhando para o matadouro. “Morri para viver” escancara essa realidade e desmascara a estratégia usada para roubar e destruir a vida e a inocência de muitas meninas que se espelham nas Andressas Urachs da vida.

Além de ser um exemplo de superação e um testemunho do poder de Deus, ainda serviu para jogar uma bomba no negócio lucrativo do mal, que arrastava muitas meninas para a destruição. Pelo menos agora está bem claro no que elas estão se metendo. E, para nós, dá um panorama impressionante do que se passa dentro de uma mulher que se permite entrar nesse mundo.

Escrevi, quando comprei o livro: “Por toda a minha vida eu estive dentro de alguma igreja evangélica e nunca fiz as coisas que ela fez, mas o vazio que ela sentia eu também sentia. As motivações interiores que a levaram a alguns erros me levaram a outros, ainda que nossas experiências tenham sido tão diferentes. E se não cometi os erros que ela cometeu, cometi outros e, diante de Deus, não há diferença. Ele acolhe quem quer abandonar o erro e se tornar um filho dEle, independentemente de seu passado. E, se Ele vê assim, como poderíamos ver diferente?”

Ainda que os erros dela sejam diferentes dos erros que eu cometi, todo mundo tem um pouquinho de Andressa Urach dentro de si, que é a natureza humana. Todo mundo nasce com ela e é ela que nos predispõe aos erros que cometemos. Se não cometemos os que a Andressa cometeu, cometemos outros. E não há pecado menor que o outro. “Morri para viver” mostra quem Andressa foi e quem ela se tornou, mas, muito além disso, mostra quem Deus é e quem nós somos.

#JejumdeDaniel  #Dia13

 

PS: E esse livro é leitura para Jejum de Daniel? Eu acredito que sim. Justamente por tudo o que escrevi aí em cima. Apesar do que a mídia sensacionalista divulgou por aí, o livro não é vulgar e o foco dele não é o que Andressa fez, mas o que Deus fez por ela. E eu li tentando entender o pensamento de Deus em relação a ela. Como Ele a via antes. O quanto Ele esperou pela oportunidade de alcançá-la. E o quanto não há diferença entre quem está perdido sem Ele, não importa o que fizeram ou deixaram de fazer.

PS2: Escrevi um recadinho a quem se diz cristão e desconfia da conversão da Andressa. Clique aqui para ler.

 Amanhã de manhã tem novo post aqui.

** Estamos em uma jornada de 21 dias de jejum de informações e entretenimento chamado Jejum de Daniel. Durante esses dias, os posts no blog serão diários e voltados exclusivamente para o crescimento espiritual. Leia o post do dia 19 para entender melhor.

6 Comments on O que Morri para Viver nos ensina

  1. Olá, D. Vanessa!
    A Sra tem resenha aqui sobre o livro Cristianismo Puro e Simples do C.S. Lewis? Quero saber sua opinião sobre. Grata.

  2. Li este livro a pouco tempo, foi um livro que superou minhas expectativas (ainda que estas fossem muito boas). Gostei muito de encontrar em seu blog esse texto falando sobre ele. um grande abraço.

  3. Belo texto.
    Sem dúvida eu tb tinha um pouquinho de Andressa.
    O livro é lindo, não tem nada de apelativo e mostra como Deus pode nos resgatar…nos salvar..

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